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A célula-tronco mesenquimal, que vem de um precursor da medula óssea, acelera cicatrização de feridas geradas por queimaduras graves, conforme constatado por pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. O estudo utilizou as células-tronco em ratos que tinham queimaduras de terceiro grau em aproximadamente 40% da superfície corporal queimada. No teste, houve ratos que receberam as células e os que não receberam, sendo que ambos tinham sofrido queimaduras. Enquanto no segundo grupo os animais tiveram uma porcentagem de cicatrização de 80%, 60 dias após a queimadura , no primeiro grupo quase todos tiveram 100% da superfície queimada cicatrizada nesse período.
“O efeito se deve ao uso das células-tronco mesenquimais, que são responsáveis por gerar tecidos da linhagem mesodérmica, como osso, cartilagem, músculo e derme”, explica a bióloga Carolina Caliari Oliveira, autora da pesquisa.
Ela comenta que ainda não se sabe exatamente como a célula atua no corpo de modo a agilizar a cicatrização. Uma das hipóteses está relacionada a um dos efeitos que a célula ocasiona. Carolina percebeu que os animais tratados apresentaram maior quantidade de tecido de granulação (tecido provisório que é formado quando há alguma lesão) e de vasos sanguíneos na região queimada após o tratamento, o que pode ajudar na cicatrização.
Além da cicatrização mais rápida, os animais tratados também apresentaram melhorias quanto a outros efeitos de queimadura grave. “A queimadura dessa gravidade comumente causa efeitos sistêmicos como hipermetabolismo e a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), que é uma inflamação exagerada. Em um segundo momento, o grande queimado desenvolve imunossupressão sistêmica, que diminui a resposta imunológica do paciente, deixando-o sujeito a infecções graves”, aponta Carolina. A bióloga explica que a célula mesenquimal pode ser capaz de suprimir a resposta imunológica exagerada num primeiro momento, ajudando a controlar a SIRS
Além disso, no estudo se observou que no sétimo dia após a queimadura os ratos tratados mantiveram o equilíbrio de células do sistema imunológico. Segundo Carolina, a manutenção do equilíbrio entre as células TCD4 e TCD8, ambos linfócitos, é importante para um bom prognóstico do paciente queimado. “Após queimaduras graves, a quantidade de linfócitos TCD8 pode aumentar consideravelmente, o que não é bom para o paciente. As células mesenquimais podem ter auxiliado no equilíbrio original deles, com mais TCD4 e menos TCD8”.
Tratamento
As células-tronco mesenquimais usadas advieram de medulas ósseas de camundongos, as quais foram cultivadas em laboratório. Elas são colocadas em placas de cultivo feitas de plástico. Quando cultivadas em um meio de cultura especial, após alguns dias e certos procedimentos, somente as células mesenquimais aderem ao plástico das placas de cultivo. Depois, aplicam-se com uma seringa as células-troncos mesenquimais ao redor das regiões queimadas.
A pesquisa fez parte da dissertação de mestrado de Carolina pela FMRP, sob orientação do professor Júlio César Voltarelli. A bióloga destaca que seu estudo foi o primeiro a testar as células mesenquimais em modelo experimental de queimaduras graves. Sobre a aplicação em seres humanos, ela comenta que “o modelo experimental não é perfeito, mas é a melhor ferramenta que dispomos para mimetizar o que acontece com seres humanos”.
A biologa pretende dar continuidade ao seu estudo em seu doutorado pela FMRP. “A ideia agora é utilizar células mesenquimais de seres humanos, que podem ser obtidas da veia do cordão umbilical e do tecido adiposo”.
Matéria de Felipe Maeda Camargo - Agência USP de Notícias
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Prevenir doenças crônicas no adulto desde sua vida intrauterina. Essa nova visão da medicina, denominada Origens Desenvolvimentistas da Saúde e da Doença, já é exercida em cerca de 1.600 crianças do Instituto da Criança (ICr) do Hospital da Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O atendimento é feito no Centro de Saúde-Escola Samuel Pessoa, da FMUSP, por meio de um trabalho experimental da Disciplina de Pediatria Preventiva e Social, chefiada pela professora Sandra Grisi.
As doenças crônicas degenerativas, como diabetes, hipertensão, obesidade e colesterol, podem ser evitadas no adulto se um acompanhamento médico preventivo for feito na infância. “A prevenção deve começar na pediatria”, afirma a doutora Ana Maria Escobar, pediatra do ICr também à frente da disciplina. O objetivo de uma atenção médica desde o nascimento é aumentar a expectativa de vida e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida na fase adulta. “Queremos que a pessoa viva até os 99 anos de forma saudável”, completa.
A nova forma de encarar a pediatria é recente na história da medicina. Os primeiros estudos na área aconteceram na década de 1970. “A partir daí, inúmeras pesquisas constataram que as próprias condições de vida intrauterina da criança influenciam nas chances de ela desenvolver doenças crônicas futuras”, declara a doutora Ana Maria. Ela explica que uma restrição de crescimento na barriga da mãe, em função do fumo, por exemplo, faz com que o bebê nasça com baixo peso e eleva as chances de desenvolver doenças na vida adulta. Porém, não são apenas fatores ambientais, como o fumo durante a gestação ou uma má alimentação, que aumentam o risco de doenças, mas também fatores genéticos. Por isso, para exercer a pediatria preventiva, deve ser verificada a pré disposição da criança às doenças e aos fatores de risco aos quais está submetida.
Acompanhamento
No Centro de Saúde-Escola Samuel Pessoa, as crianças são observadas não apenas dentro dos parâmetros habituais para a faixa etária, como acompanhamento do crescimento e do peso. Também são consideradas as características ambientais e familiares, desde o desenvolvimento individual e histórico de gravidez da mãe até os problemas de saúde frequentes na família. “A criança já possui, antes de completar um mês de vida, uma ficha completa onde consta todos os dados de sua família e histórico de doenças. Com isso temos um panorama de quem é a criança e assim conseguimos saber quais são seus fatores de risco e com o que temos que nos preocupar”, conta Ana Maria, que enfatiza: “E tudo é feito dentro de uma rotina normal de consultas médicas.”
Se detectados fatores de risco que indiquem fortes chances do desenvolvimento de colesterol, por exemplo, já com dois anos a criança pode ter seu sangue colhido e a doença, se constatada, pode ser controlada. Das crianças que participam do programa experimental, 20 apresentam colesterol alto com menos de cinco anos de idade. “Com uma intervenção precoce pudemos descobrir a doença e não vamos deixar que a artéria dessa criança entupa. Assim ela chegará na fase adulta com a doença controlada”, assinala a pediatra.
Nos dias 25 e 26 de novembro, um workshop internacional sobre o tema acontece no Hotel Intercontinental, em São Paulo. O evento, denominado Developmental Origins of Health and Disease (DOHaD) Brasil, tem como objetivo ressaltar as influências das experiências no início do ciclo vital (nutricionais, ambientais, etc) sobre a saúde. Cinco trabalhos desenvolvidos pela FMUSP por meio do programa experimental serão apresentados na ocasião.
Matéria de Juliana Cruz - Agência USP de Notícias
Link de acesso: http://www.usp.br/agen/?p=41482
Agência FAPESP – Esquizofrenia é o assunto em destaque na capa da edição desta quinta-feira (11/11) da Nature, que avalia em editorial e em três artigos os avanços obtidos nos últimos cem anos na compreensão desse transtorno psíquico severo.
No editorial, a revista destaca que a pesquisa científica tem revelado as “complexidades assombrosas” da esquizofrenia, mas também tem mostrado novas rotas para o diagnóstico e o tratamento.
“Nos últimos anos, tem se avaliado que essa coleção de sintomas – que tipicamente se manifesta no início da vida adulta – representa um estágio posterior da enfermidade e que a própria enfermidade pode vir a ser uma coleção de síndromes, mais do que uma condição única”, destaca o editorial.
No primeiro artigo, Thomas Insel, do National Institute of Mental Health, nos Estados Unidos, faz uma revisão do conhecimento acumulado sobre o tema. Segundo ele, o futuro do assunto reside em “repensar” a esquizofrenia como um distúrbio do desenvolvimento neurológico.
“Esse novo foco poderá levar a novas oportunidades para a compreensão de mecanismos e para o desenvolvimento de tratamentos para o transtorno. Tratamentos têm sido experimentados há décadas, mas com pouca evolução e resultados na maioria das vezes insatisfatórios”, disse.
A esquizofrenia é uma desordem mental debilitante que afeta cerca de 1% da população mundial. No segundo artigo, Andreas Meyer-Lindenberg, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, discute como as novas tecnologias de obtenção de imagens estão deixando os aspectos apenas funcionais e estruturais para focar também nos mecanismos dos riscos da enfermidade.
Para o cientista, essas novas estratégias, como o uso de imagens em genética, possibilitam uma visão muito importante do sistema neural mediado pelo risco hereditário e ligado a variantes comuns associadas à esquizofrenia.
O artigo sugere que a caracterização dos mecanismos do transtorno por meio do desenvolvimento de tais técnicas poderá somar forças com os atuais projetos de pesquisa que visam à busca de tratamentos.
No terceiro artigo, Jim van Os, da Universidade Maastricht, na Holanda, e colegas fazem uma revisão do conhecimento atual a respeito das influências ambientais na esquizofrenia e os desafios que essas relações abrem para a pesquisa na área.
Os autores argumentam que mais pesquisas são necessárias para tentar descobrir a interação entre genética e ambiente que determina como a expressão da vulnerabilidade na população geral pode dar origem a mais psicopatologias severas.
Os artigos Rethinking schizophrenia (doi:10.1038/nature09552), de Thomas R. Insel, The environment and schizophrenia (doi:10.1038/nature09563), de Jim van Os e outros, e From maps to mechanisms through neuroimaging of schizophrenia (doi:10.1038/nature09569), de Andreas Meyer-Lindenberg, podem ser lidos por assinantes da Nature em www.nature.com.
Link de acesso: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13029/repensar-a-esquizofrenia.htm
Agência FAPESP – Uma nova pesquisa, feita nos Estados Unidos, verificou uma importante associação entre o consumo de bebidas energéticas e o risco de desenvolver alcoolismo.
O estudo, que será publicado na edição de fevereiro da revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research, avaliou dados de mais de 1 mil estudantes universitários, dos quais 10,1% disseram ingerir energéticos pelo menos uma vez por semana.
Segundo o trabalho, aqueles com elevado consumo de energéticos (52 vezes ou mais por ano) apresentaram risco significativamente maior de desenvolver dependência de bebidas alcoólicas e se embebedavam mais e mais cedo (com relação à idade) do que os demais.
O estudo destaca que os energéticos contêm bastante cafeína e podem levar ao desenvolvimento de outros problemas, além da perda de sono. Segundo o trabalho, uma importante preocupação é que a mistura de energéticos com bebidas alcoólicas pode levar a um estado de “embriaguez desperta”, na qual a cafeína mascara a sensação de embriaguez sem reduzir os prejuízos causados pelo estado.
O resultado é que o usuário se sente menos bêbado do que realmente está, o que pode levar a consumir quantidades ainda maiores de bebida. “Os resultados reforçam a necessidade de maiores investigações a respeito dos possíveis efeitos negativos para a saúde das bebidas energéticas e dos riscos de seu consumo misturado com o álcool”, destacaram os autores.
“A cafeína não se opõe ou cancela os prejuízos associados com a embriaguez, ela apenas disfarça os marcadores mais óbvios desse estado. O fato de que não há regulação a respeito da quantidade de cafeína nas bebidas energéticas é desconcertante”, disse Amelia Arria, da Universidade de Maryland, um dos autores da pesquisa.
O artigo Energy drink consumption and increased risk for alcohol dependence (doi: 10.1111/j.1530-0277.2010.01352.x) pode ser lido em breve em www.interscience.wiley.com/jpages/0145-6008.
Link de acesso: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13051/energeticos-e-risco-de-alcoolismo.htm
Discutir o preconceito contra pessoas com Aids. Esta é a proposta da campanha 2010 do Dia Mundial de Luta contra a doença, comemorado no dia 1º de dezembro. Diversos artistas foram convidados pelo Ministério da Saúde para para participar das ações deste ano. Eles tiraram fotos com jovens que têm a doença. O ator Fábio Assunção é um dos artistas que apóia essa luta. Para ele é importante participar deste trabalho para conscientizar que é possível, sim, conviver com uma pessoa com HIV ou Aids, sem pegar o vírus.
"Eu acho que eu participar disso, é eu estar assinando embaixo desse meu sentimento, disso que eu acredito. Eu não estou aqui fazendo uma campanha, eu estou aqui sendo verdadeiro com o que eu realmente acredito. Eu não tenho preconceito, eu não vou deixar de ter uma amizade, porque uma pessoa tem X ou Y problema. Então, tudo que é nesse movimento, eu acho importante participar. Eu estou aqui para isso, para dizer que eu acredito nisso."
A campanha do Ministério da Saúde deste ano é voltada para os jovens de 15 a 24 anos. A ideia é mostrar que as pessoas que vivem com HIV/Aids podem ter qualidade de vida, projetos, trabalho, família e sonhos. Tudo sem preconceitos. Para jovens, como Fabrício Stocker, de 20 anos, que vive na cidade de Cascavel, Paraná, é fundamental ter uma mobilização nacional que mostre essa realidade ao país.
"Primeiro de tudo é a conscientização, uma vez veiculando a linguagem do jovem, falando de uma linguagem diretamente para o jovem, com artistas que chama mais atenção ainda, mostrar que há jovens vivendo, e que os outros não precisariam se preocupar com isso, que pode se viver tranquilamente."
Jovens que vivem com o vírus da aids, como Fabrício, tiraram fotos com vários artistas, para mostrar que Aids não se pega no beijo, nem no abraço, nem no carinho. Com o tema "Somos Iguais. Preconceito não", o trabalho vai resultar em uma exposição itinerante que vai circular pelo Brasil. Brasília e Fortaleza são as primeiras cidades a receber a exposição.
Reportagem de Cynthia Ribeiro - Ministério da Saúde
Link de acesso: http://www.webradiosaude.com.br/saude/visualizar.php?codigo_noticia=PDMS100687