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Essas doenças respondem por mais de 70% dos gastos assistenciais do SUS e por 67% de todas as mortes registradas no Brasil

Rio (04/02) - O Dia Mundial do Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, terá neste ano uma pauta ampla: mobilizar as 400 organizações espalhadas em 120 países, representados na União Internacional para o Controle do Câncer (UICC, na sigla em inglês), entre os quais o Brasil, a adotarem campanhas sistemáticas de prevenção. O objetivo é combater o efeito considerado “catastrófico” das doenças crônicas não-transmissíveis sobre as populações e os sistemas públicos de saúde.

No país, o câncer, a diabetes, as doenças cardiovasculares e respiratórias consomem mais de 70% dos gastos assistenciais do Sistema Único de Saúde (SUS) e respondem por 67% das mortes registradas no país. Os dados são do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Os efeitos dessas doenças sobre as populações e os sistemas públicos de saúde são tão devastadores que a Organização das Nações Unidas (ONU) incluiu na pauta da sua Assembleia Geral, marcada para setembro, em Nova Iorque, uma discussão sobre o tema. Essa é a terceira vez que as Nações Unidas abrem espaço para discutir assuntos dessa natureza. Ocorreu com a poliomielite, em 1988, a partir de uma resolução da Organização Mundial da Saúde (OMS) de erradicar a doença no mundo até o ano 2000; com a Aids, em 2001, e agora com as doenças crônicas não-transmissíveis.

“O objetivo é chamar a atenção dos países e dos gestores da saúde em todo o mundo para a necessidade urgente de se adotar medidas de prevenção e controle dessas doenças”, afirma o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini, porta-voz da UICC para a América Latina. Segundo a OMS, as doenças crônicas não-transmissíveis são responsáveis por 58,5% de todas as mortes ocorridas no mundo. A UICC afirma que são 35 milhões de mortes por ano sendo que 9 milhões poderiam ser evitadas.

No Brasil, até a primeira metade do século XX, as Doenças Infecciosas Transmissíveis, caso da tuberculose e do sarampo, eram as causas mais frequentes de morte. A partir dos anos 60, uma série de fatores combinados potencializou as doenças crônico-degenerativas: o envelhecimento da população, a redução das taxas de desnutrição, a queda nas taxas de natalidade, o excesso de pessoas com sobrepeso e obesas são alguns desses fatores.

Essa mudança, que é uma tendência mundial, no Brasil, é observada em todas as regiões. A maior redução foi registrada na região Norte: em 1980 as doenças infecciosas e parasitárias representavam 26% do total de mortes, já em 2008, elas foram causa de 6,5% dos óbitos. Na região Nordeste, os óbitos por essas doenças caíram de 21% para 5% do total registrado.

 

 

Assessoria de Imprensa – INCA

Link de acesso: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=12174

Mulheres fumantes têm um risco maior de sofrer de Transtorno Mental Comum (TMC), em relação às não fumantes, assim como mulheres que não fumam que sofrem de TMC também têm mais chances de adquirir o hábito de fumar. O TMC é um transtorno causado por uma ruptura do funcionamento normal das funções neurológicas, tendo como sintomas, por exemplo, o esquecimento e a dificuldade de concentração.

Mas no caso do universo masculino, não é possível encontrar essa associação entre Tabagismo e TMC. Segundo a psicóloga e mestre em Saúde Pública Danuta Medeiros, que estudou o assunto em sua pesquisa de mestrado, perceber essa “singularidade de gênero” é um grande passo para que programas de cessação do tabagismo sejam melhor sucedidos. “Já que temos a constatação dessa diferença, podemos pensar em fazer as campanhas de maneira mais direcionada, clara, e efetiva”, afirma a pesquisadora.

Em seu estudo chamado Tabagismo e Transtorno Mental Comum na população de São Paulo – SP: um estudo a partir do Inquérito de saúde no município de São Paulo (ISA-CAPITAL), realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e orientado pelo professor Chester Luiz Galvão César, Danuta aponta que, apenas tratando-se das mulheres é possível relacionar o Tabagismo ao TMC. Segundo o trabalho, os sintomas do TMC são muito parecidos com os da abstinência ao cigarro de nicotina.

“O TMC é um transtorno mental de difícil diagnóstico, uma vez que apresenta sintomas corriqueiros, que passam despercebidos no dia a dia. Por conta disso, os sintomas do TMC podem até ser confundidos com os sintomas causados pela abstinência do fumo em tabagistas. Irritabilidade, ansiedade, insônia, e queixas de dor de cabeça, são alguns deles”, explica Danuta. Essas constatações foram obtidas por meio da análise de cerca de 3.350 entrevistas, com homens e mulheres de 16 anos ou mais, contidas no Inquérito de Saúde do Município de São Paulo realizado em 2003, chamado ISA-CAPITAL 2003, que envolve uma avaliação feita por profissionais de saúde baseada nas respostas das pessoas a um questionário domiciliar.

De acordo com o trabalho, somente após a década de 1960 as pesquisas relacionadas ao tema ‘tabagismo’ começaram a associá-lo a outras doenças, principalmente por causa do “império da publicidade do Tabaco”, que perdurou até além dessa época. Os estudos da psicóloga relevam a importância dessa visão ‘pós anos 1960’, alertando para um cuidado ainda maior nos diagnósticos. “Muitas vezes os sintomas do TMC ou do Tabagismo são vistos como “frescura” pelo senso comum, não sendo devidamente tratados”, aponta Danuta.

Homens e Mulheres

Tratando-se do universo masculino, a psicóloga não encontrou pontos de associação entre o tabagismo e o TMC. A autora explica, por exemplo, que o homem geralmente começa a fumar por outras questões não tão relacionadas com seu perfil emocional, diferentemente das mulheres. “A faixa etária e a não prática de atividades físicas foram fatores que aparecem para os homens como associados ao Tabagismo. Por exemplo, até os 60 anos, com o aumento da idade, há maiores tendências de os homens começarem a fumar”, exemplifica a pesquisadora.

Enquanto isso, aquela velha história “fumo para acalmar” apresentou-se como um dos principais fatores que fazem com que as mulheres se tornem fumantes, ou seja, “intimamente ligados com a depressão ou a ansiedade, o que podem ser também sintomas de TMC”, como revela o estudo. A partir dessa percepção, a psicóloga destaca o quanto é importante conhecer o perfil psicológico de uma pessoa que deseja parar de fumar, antes de diagnosticá-la e tratá-la. “A presença dos psicólogos é crucial, principalmente no momento da busca e encaminhamento por e para um tratamento. Eles podem auxiliar os outros profissionais da saúde no reconhecimento não apenas da causa do tabagismo, como da dificuldade da pessoa em abandonar o fumo”, afirma Danuta.

Tabagismo e TMC

O estudo aponta que há maior prevalência do Tabagismo em homens, e isso está relacionado à própria história do consumo cigarro de nicotina, que intensificou-se nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. Além disso, Danuta constatou que a religião também é um fator que pode influenciar no consumo. A pesquisa revela, por exemplo, que das religiões mais conhecidas e seguidas no Brasil, no meio evangélico há a menor prevalência de tabagistas e a maior prevalência de pessoas que nunca experimentaram o cigarro. Isso mostra que pessoas que têm algum tipo de religião e seguem suas normas, geralmente fumam menos.

A pesquisa mostrou também que, com relação ao TMC, as mulheres são as que mais apresentam o transtorno, “provavelmente por serem mais queixosas ou ainda darem maior atenção a sua saúde mental”, sugere Danuta. Além disso, outra conclusão das análises é que a escolaridade pode diminuir a chance de TMC, assim como a prática de atividades físicas. A psicóloga afirma ainda que o alcoolismo também pode ter uma preocupante relação com o transtorno.

Lei anti-fumo

Outra constatação importante revelada no trabalho questiona a real eficácia da Lei anti-fumo, “inaugurada” na cidade de São Paulo, em maio de 2009. Segundo Danuta, apesar de contribuir positivamente para o combate ao fumo, a proibição de fumar em locais públicos acaba não dando a atenção devida aos aspectos emocionais de cada indivíduo usuário/dependente do tabaco. “Assim, é de fato uma excelente medida para o combate ao fumo passivo, mas não tem a mesma eficácia para os dependentes do fumo”, conclui a mestre em Saúde Pública.

 

 

Por Glenda Almeida - Agência USP de Notícias

Link de acesso: http://www.usp.br/agen/?p=47464

Mochilas com rodinhas, de personagens de desenho animado, com porta trecos e com diversos outros atrativos. Atualmente o mercado oferece muitas opções de mochila para fazer a alegria da criançada. Mas, crianças e adolescentes que carregam mochilas inadequadas podem desenvolver várias doenças ortopédicas. Os casos mais graves podem causar desvios de postura e problemas nas articulações. O ortopedista do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, Luiz Eduardo Carelli, alerta que as mochilas da moda, irresistíveis aos olhos dos estudantes, podem prejudicar a coluna. Segundo Luiz Eduardo Carelli, os pais devem considerar vários fatores antes de escolher o modelo da mochila:

"Os pais devem adquirir algum modelo que se ajuste entre as costas da criança e a região lombar e que essa mochila não ultrapasse a linha da cintura e esteja bem ajustada."

Luiz Eduardo Carelli lembra que os modelos devem ser escolhidos de acordo com o perfil de cada criança. As mochilas com rodinhas, por exemplo, são mais indicadas para quem tem até quatro anos de idade. Mesmo nestas situações, o especialista do INTO explica que devem ser tomados alguns cuidados:

"Os pais devem prestar atenção no ajuste para que a alça dessa rodinha fique ao nível da mão da criança. Não deixar que a criança vá com o corpo de encontro à alça abaixando de um lado o corpo"

As crianças maiores devem optar pelos modelos de alças acolchoadas, que protegem a pele de abrasões. A mochila com alça diagonal, conhecida como "bolsa carteiro", deve ser evitada. Ela acumula o peso em um único lado do corpo e pode provocar desvios na coluna.

 

 

Reportagem de Débora Rocha - Ministério da Saúde

Link de acesso: http://www.webradiosaude.com.br/saude/visualizar.php?codigo_noticia=PDMS110100

Nesse período de volta às aulas aumenta a preocupação dos pais com os temidos piolhos. É só ver o filho coçando a cabeça e imaginar o que poderá vir pela frente. Isso, porque é justamente nessa época que surge a maioria dos casos de pediculose, doença no couro cabeludo provocada pelos piolhos. O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Julio Vianna, explica que o surgimento de piolhos não está relacionado diretamente à falta de higiene, mas adverte que é importante evitar que as crianças compartilhem objetos, principalmente as meninas.

"O piolho não voa, o piolho não pula. Ele é um inseto, mas não tem asas para voar e não tem a perna adaptada para o salto como a pulga. Como é que eu passo o piolho de uma pessoa para outra? Através de contato direto ou então compartilhando objetos de uso pessoais. Como por exemplo, pente, boné, prendedor de cabelo. Isso é extremamente comum nas meninas."

Julio Vianna recomenda o uso de água e vinagre apenas para retirar lêndeas.

"Tem que deixar bem claro que a nossa cabeça não é salada para ser temperada com vinagre e água salgada. Você pega uma colher de vinagre e colher de água mistura. Você pega um pedaço de algodão, molha nessa mistura, envolvendo dois, três fios de cabelo pressionando da base para ponta, você faz uma pressão lentamente para retirar as lêndeas. A fêmea do piolho utiliza uma substância que é semelhante a uma cola para prender a lêndea no fio do cabelo. Desta forma, como o vinagre é um ácido asséptico ele quebra essa substância."

Além disso, o pesquisador lembra que, no momento de tratar a doença, os pais devem evitar ainda as famosas receitas caseiras e os produtos tóxicos, como xampus, que podem fazer mal à saude.

 

 

Reportagem de Juliana Costa - Ministério da Saúde

Link de acesso: http://www.webradiosaude.com.br/saude/visualizar.php?codigo_noticia=PDMS110102

Agência FAPESP – Cientistas brasileiros envolvidos com um Projeto Temático financiado pela FAPESP têm conseguido, nos últimos anos, diversos avanços na compreensão dos processos inflamatórios relacionados às lesões renais.

O grupo, coordenado por Niels Olsen Câmara, professor do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), acaba de desvendar a relação íntima entre a resposta inflamatória do sistema imune e a glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF), uma doença que pode levar à insuficiência renal aguda e decréscimo na função renal.

O trabalho, que será publicado em breve na revista Kidney International, mostra que a expressão de um receptor do hormônio bradicinina (receptor B1) é induzida durante o curso da doença. Diminuindo a expressão do receptor B1, por outro lado, verificou-se uma melhora da disfunção renal.

De acordo com Câmara, a diminuição da disfunção renal se deve à reversão da lesão associada à desorganização dos podócitos – células que são centrais para o processo de “filtragem” da urina, realizado nos glomérulos, as unidades funcionais dos rins.

“O trabalho demonstrou, pela primeira vez, que o bloqueio dessa via é capaz de provocar uma melhora na disfunção dos podócitos. A descoberta abre perspectivas para estudos futuros que possam usar esses dados como ferramenta terapêutica. A GESF é uma das principais doenças do glomérulo em crianças e adultos e pode voltar a ocorrer depois de um transplante de rim”, disse o pesquisador à Agência FAPESP.

Os dados foram gerados a partir dos trabalhos de iniciação científica de Bruna Buscariollo e de doutorado de Rafael Pereira, que contaram, respectivamente, com bolsas da FAPESP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os cientistas utilizaram um modelo de indução de GESF por adriamicina – um fármaco de alta toxicidade usado clinicamente contra o câncer – a fim de estudar o papel do receptor B1 na evolução da doença. Por outro lado, a administração de um antagonista do receptor B1 permitiu demonstrar que, com a diminuição de sua expressão, a doença pode, em tese, ser revertida.

“Considerando a complexidade das lesões renais agudas e crônicas, qualquer estratégia de tratamento efetivo para essas condições deverá ser capaz de modular o processo inflamatório na tentativa de reparar o tecido. Isso significa que o tratamento deve ser capaz de reverter as lesões agudas e suas consequências a longo prazo, restaurando a arquitetura do órgão e sua homeostasia – isto é, a propriedade de regular seu ambiente interno para manter uma condição estável, por meio de múltiplos ajustes controlados por mecanismos de regulação”, explicou Câmara.

Insuficiência renal aguda – cuja mortalidade tem se mantido acima dos 50% nos últimos 20 anos – provoca a longo prazo a perda da função do órgão. Além da GESF, a insuficiência pode ser causada pela toxicidade de drogas e, principalmente, por lesões de isquemia e reperfusão.

“Uma lesão em qualquer parte do corpo – como o esmagamento de uma perna, por exemplo, causa uma diminuição brusca na oferta de oxigênio para os rins, ocasionando lesões as lesões denominadas isquemia. Mais tarde, o restabelecimento dos níveis de oxigênio leva a uma segunda onda de injúria no ri, as chamadas lesões por reperfusão. Trata-se de um problema grave e muito comum. Quando o paciente necessita de diálise, a mortalidade pode chegar a 80%”, disse.

As lesões renais agudas, segundo Câmara, são inevitavelmente associadas a um processo inflamatório, causando disfunção dos podócitos – no caso das glomerulopatias como a GESF – ou na chamada região túbulo-intersticial, no caso das lesões por isquemia e reperfusão.

“A persistência dessa resposta inflamatória pode levar à perda da arquitetura dos tecidos, com depósito de colágenos e o decréscimo na função renal – um processo até agora considerado irreversível. O estudo do processo inflamatório nas lesões renais agudas que acometem a região túbulo-intersticial é bem documentado na literatura. Mas a participação da resposta imune em doenças glomerulares havia sido pouco explorada até agora”, afirmou.

O papel dos receptores da bradicinina, segundo Câmara, já vinha sendo estudado há alguns anos por seu grupo de pesquisa em colaboração com o grupo dos professores João Bosco Pesqueiro e Ronaldo Araújo, ambos do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“Em outro modelo de estudo, no qual os animais são submetidos a uma isquemia renal e depois à reperfusão, ficou evidente a participação desse sistema na injúria renal”, disse o professor do ICB-USP.

Resultados gerados pela pesquisa de doutorado de Pamella Wang, com Bolsa da FAPESP, demonstraram, segundo Câmara, que o receptor B1 tinha papel central na resposta inflamatória desencadeada pela isquemia. Os dados foram publicados na revista PLoS One, em 2008.

“Tantos os animais geneticamente deficientes para o receptor B1 como os tratados com antagonistas farmacológicos, após injúria renal apresentaram uma menor disfunção dos rins associada a uma expressão aumentada de certas citocinas antiinflamatórias, substâncias que mediam diversos processos no organismo”, disse.

Outro trabalho abordou o contexto do desenvolvimento de fibrose renal após uma lesão nos rins. Os animais geneticamente deficientes para o receptor B1 apresentaram menor depósito de colágeno após a obstrução do fluxo urinário. Os resultados do estudo foram publicados na revista International Immunopharmacology, em 2006.

“Todos esses dados obtidos em modelos experimentais indicam que as afecções renais agudas e crônicas têm uma participação ativa do sistema de cascatas enzimáticas que envolvem a bradicinina. Estamos vendo que a participação desse sistema vai além dos papéis conhecidos do hormônio bradicinina, envolvendo uma regulação da função dos podócitos e o controle do processo inflamatório”, disse Câmara.

 

Papel central da hemeoxigenase-1

 

Além de revelar a relação entre o receptor B1 e a GESF, o trabalho que será publicado na Kidney International também demonstra que o bloqueio do receptor B1 se traduziu no aumento da expressão da hemeoxigenase-1 (HO-1), proteína que tem diversas funções fisiológicas no organismo.

De acordo com Câmara, a vertente central do Projeto Temático que coordena, intitulado “Investigando o papel da hemeoxigenase 1 em diferentes processos inflamatórios renais em modelos animais”, consiste em investigar o papel da HO-1 em diferentes processos inflamatórios renais em modelos animais. Os estudos sobre bradicinina e lesão renal fazem parte dessa linha de pesquisa mais ampla.

“Nosso laboratório vem estudando vários mediadores presentes no processo inflamatório nas afecções renais e a resposta dos tecidos a essas agressões. Uma importante faceta nesses estudos é a percepção de que, frente a uma agressão, o órgão desenvolve uma resposta protetora ao aumentar a expressão de uma série de moléculas com capacidade intrínseca de proteção celular. A HO-1 é uma dessas moléculas”, explicou.

A HO-1 está presente em plantas e animais, o que sugere uma grande importância da molécula em termos evolutivos. Quando há uma lesão em um tecido, a expressão HO-1 é aumentada, o que faz dela um sensor de estresse celular – isto é, uma espécie de marcador de lesões teciduais.

“Por outro lado, quando há lesão, o aumento da expressão dessa molécula ocorre porque ela é capaz de modular o processo inflamatório. Por isso, houve interesse em investigar se essa modulação poderia alterar a evolução de uma patologia”, disse Câmara.

Ao verificar que a proteção originada com o bloqueio do receptor B1, em diferentes modelos que usamos, foi associada a uma alta expressão da HO-1, os estudos realizados pelo grupo do ICB-USP sugerem que vias metabólicas conservadas evolutivamente são conectadas a diferentes cascatas do processo inflamatório.

“Seria possível, então, pensar em meios e métodos de potencialização dos mecanismos naturais de defesa do organismo como uma terapia clínica auxiliar”, sugeriu.

Vários trabalhos na literatura internacional, incluindo os estudos do grupo coordenado por Câmara, mostraram efeitos de proteção celular da HO-1 em modelos experimentais de doenças renais agudas. “No entanto, até agora não existiam dados comprovando a capacidade da HO-1 em reverter um processo cicatricial renal já instalado”, afirmou.

Dados obtidos na pesquisa de doutorado de Matheus Corrêa Costa – que também está sendo realizado no ICB-USP com Bolsa da FAPESP – mostram que o tratamento com um potente indutor de HO-1 diminuiu significativamente os marcadores de inflamação assim como a expressão de moléculas relacionadas ao desenvolvimento de fibrose renal nos animais submetidos a uma obstrução irreversível do fluxo urinário. O trabalho foi aceito para publicação, em 2010, na revista PLoS One.

“Sete dias depois da obstrução, o tratamento tardio com esse indutor de HO-1, conhecido como hemin, foi capaz também de diminuir a expressão de moléculas que favoreciam a fibrose e a inflamação, além de reduzir a deposição de colágeno. O estudo mostrou, pela primeira vez, que a HO-1 pode reverter o processo de cicatrização renal já instalado, provavelmente induzindo a diferenciação de miofibroblastos”, disse.

 

 

Por Fábio de Castro - Agência FAPESP

Link de acesso: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13404/inflamacao-e-lesao-renal.htm

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