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Pesquisa com 2.057 pessoas de 23 a 25 anos de idade, nascidas na cidade de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), aponta que as chances dos que nascem de parto cesariana ficarem obesos na fase adulta são 58% maiores do que quem nasce de parto normal. Segundo a autora do estudo, Helena Ayako Sueno Goldani, a possível causa desse índice é a alteração no desenvolvimento ou na composição da microbiota intestinal que é diferente nas crianças que nascem de parto vaginal com relação as crianças que nascem de cesariana. O estudo foi coordenado pelo professor Marco Antonio Barbieri, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Helena explica que, no parto cesariana não acontece o contato do bebê com a flora vaginal materna. Este contato, diz a pesquisadora, parece ser importante para o desenvolvimento da flora intestinal do recém-nascido. A pesquisa levantou a hipótese de que algumas bactérias presentes no canal do parto teriam efeito benéfico por meio de uma estimulação balanceada do sistema imunológico do recém-nascido. “Com isso a criança tem afetado o seu metabolismo de acolhimento e de armazenamento de energia e, consequentemente, podem ter um impacto sobre o desenvolvimento da obesidade”, revela. Os resultados do trabalho acabam de ser publicados na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition Editorial Office.
Helena utilizou dados de um grupo de pessoas, nascidas entre junho de 1978 e maio de 1979, que fizeram parte do projeto de pesquisa de estudo de coortes (estudo de um grupo de pessoas seguidas de um período determinado tempo), com coordenação geral do professor Barbieri. No total a coorte tinha 6.973 recém-nascidos, cujas mães residiam na cidade naquele momento. No momento do parto foram coletados dados das mães e dos filhos, incluindo histórico médico e antropométrico. Desses 343 morreram antes de completar 20 anos.
Entre abril de 2002 e maio de 2004, ou seja, entre 23 e 25 anos de idade, 2.103 componentes do grupo foram selecionados e convidados para uma nova avaliação, onde foram coletados dados sobre estilo de vida, inclusive a prática de exercício físico, além de responderem questionário socioeconômico, novo exame físico e avaliação antropométrica. Helena utilizou dados de 2.057 dessas pessoas.
A pesquisadora justifica a importância de se pesquisar essa relação, pois outros estudos já revelaram que alterações na microbiota intestinal podem estar ligadas a algumas condições inflamatórias crônicas comuns no mundo ocidental, entre eles a obesidade, alergias, doença de Crohn e até a diabetes tipo 1. “Alguns estudos já mostraram que a presença de bactérias intestinais durante os três primeiros dias de vida foram influenciadas pelo tipo de parto. Por meio de biologia molecular de amostras fecais de crianças nascidas por cesárea ficou evidente uma ausência substancial de bifidobactérias e isso pode ter um impacto significativo sobre as funções imunológicas do bebê”.
Perfil
A média da idade das pessoas analisadas no estudo de Helena foi de 23,9 anos e o peso médio era de 69,7 kg. A taxa de cesariana do grupo foi de 31,9%, realizado principalmente em grupos de melhor nível socioeconômico. No grupo das mães com maior escolaridade a taxa de cesariana chegou a 45,1%. Naquelas com menor escolaridade a taxa de cesariana era de 26,8%. A taxa de prevalência de obesidade nesses adultos jovens nascidos por cesariana foi de 15,2 contra 10,4% nos nascidos por parto vaginal. A pesquisa revelou ainda que a taxa de obesidade foi maior entre os menos privilegiados economicamente. “Não houve diferença nas taxas de prevalência de obesidade de acordo com o peso ao nascer, tabagismo materno durante a gravidez e atividade física do sujeito, sexo e tabagismo”, aponta a pesquisadora.
O orientador do trabalho explica que no total a taxa de obesidade entre esse grupo foi de 46% maior entre os nascidos por cesárea em relação aos nascidos de parto vaginal na análise não ajustada, ou seja, sem levar em conta outros fatores, como peso ao nascer, renda, tabagismo, escolaridade, atividade física e fatores maternos como escolaridade e tabagismo durante a gravidez. “Quando ajustada esse risco subiu para 58%”. Uma curiosidade encontrada nessa pesquisa e que vai ao encontro do que diz a literatura atual, segundo os pesquisadores, foi que não houve relação entre tabagismo materno e alteração no IMC.
Helena lembra que aumento das taxas de cesariana ocorreu em paralelo com o aumento das taxas de obesidade. Na Inglaterra, Suécia e Estados Unidos, por exemplo, passaram de 6%, 8% e 10%, em 1975 para 21%, 16% e 24%, em 2001, respectivamente. Em Ribeirão Preto, onde o estudo foi realizado, a taxa de cesariana aumentou de 30% em 1978 para 51% em 1994, e estava em 44% em 2007. Já a taxa de prevalência de obesidade no Brasil aumentou de 4% em 1974 para 11% em 2006.
“Uma vez que a colonização intestinal pode ter um efeito duradouro na saúde em geral e, ainda, considerando a diferença na flora intestinal e vaginal entre bebês nascidos de cesariana, concluímos que o aumento das taxas de cesariana podem desempenhar um papel fundamental na epidemia de obesidade no mundo”, conclui a pesquisadora. Também participaram do trabalho os pesquisadores Heloisa Bettiol, Antonio Silva, Marilyn Agranonik, Mauro Moraes e Marcelo Goldani. O professor Marco Antonio Barbieri realiza estudos epidemiológicos de saúde perinatal desde 1978.
Fonte: Agência USP
O Ministério da Saúde habilitou 92 municípios de 16 estados a receberem recursos adicionais para a execução da Estratégia Saúde da Família (ESF). Do total, 40 municípios serão beneficiados com recursos para equipes de saúde bucal. Outros 16 receberão tanto recursos para equipes de saúde bucal quanto para equipes de saúde da família (ESF). E mais 46 municípios receberão recursos especificamente para equipes de saúde da família. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta semana.
As medidas beneficiam 16 estados: Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ao todo, 633 equipes de saúde da família e 4.387 agentes comunitários de saúde (ACS) terão recursos adicionais (ver tabela I). Cada equipe receberá, por mês, R$ 6.400 ou R$ 9.600, dependendo do perfil socioeconômico do município.
Do total de equipes, 109 ainda não foram implantadas e devem receber uma parcela de R$ 20 mil para implantação. O valor repassado por agente comunitário de saúde é R$ 714. Dos 4.387 agentes, 324 devem ser contratados. Em relação às equipes de saúde bucal (ver tabela II), 309 serão beneficiadas com o valor mensal de R$ 2 mil. Desse conjunto, 94 receberão R$ 7mil para serem implantadas.
MODELO
A estratégia se baseia em um modelo de atendimento proativo, que investe em ações de promoção e prevenção. As equipes - compostas por médicos, dentistas, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários - são responsáveis por uma comunidade específica e monitoram a saúde daquela população. Munindo as famílias de informação em saúde e prevenção de doenças, a ESF reduz a ida delas aos hospitais e evita internações. Estudos mostram que a atenção básica pode resolver mais de 80% dos problemas de saúde das pessoas.
Atualmente, a ESF conta com 31.981 equipes de saúde da família, 20.644 de saúde bucal e 246.130 agentes comunitários. Eles atuam em 5.279 municípios, ou seja, em quase a totalidade das cidades brasileiras (5.565). A execução da ESF é compartilhada pelo governo federal, estados, Distrito Federal e municípios. Ao governo federal cabe estabelecer as diretrizes nacionais da política e garantir as fontes de recursos financeiros para o componente federal do seu financiamento.
SAMU
Outras portarias publicadas nesta semana no DOU habilitam os municípios de Bom Retiro (SC) e de Cotriguaçu (MT) a receberem recursos para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192). Além disso, destina recursos financeiros para o município de Piancó (PB) adquirir mobiliário e equipamentos de tecnologia da informática e de rede ao SAMU. Os municípios de Cotriguaçu e de Bom Retiro receberão, cada um, o quantitativo mensal de R$ 12,5 mil, contabilizando um total de R$ 150 mil anuais. Já Piancó receberá a parcela única de R$ 112,8 mil.
Fonte: Agência Saúde / Ministério da Saúde
Com objetivo de alertar a população sobre a necessidade de fazer exames para saber se tem hepatite C, organizações não governamentais (ONG) estão promovendo em todo estado de São Paulo, esta semana, ações que conscientizem as pessoas sobre o perigo da doença.
Hoje (19), as ações tiveram como alvo os moradores da cidade de Cotia, na região metropolitana. Pela manhã, a ONG Unidos Venceremos promoveu a distribuição de folhetos informativos que orientam sobre a importância dos exames para o diagnóstico precoce da hepatite. Segundo a presidente da organização, Micheline Woolf, a hepatite C é uma doença silenciosa, o que faz com que muitas pessoas desconheçam que estão infectadas.
“É importante fazer o exame porque a hepatite C não é como as outras hepatites. Ela não tem sintoma, a pessoa não fica amarela e não tem náusea. Só se descobre que tem hepatite C por meio de exame de sangue específico”, disse.
Diagnosticada a hepatite, com a confirmação também feita por outros exames pedidos pelo médico, pode-se fazer um tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “As chances de cura são de 50% a 60%”, afirmou Micheline Woolf, que teve diagnosticada a hepatite C em 1994, quando foi fazer uma doação de sangue para um amigo que estava com câncer. “Fiz tratamento e me curei em 2003”, disse à Agência Brasil.
A médica Mariliza Henrique da Silva, diretora do Ambulatório de Hepatites do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo, alerta que há cinco tipos de hepatite: A, B, C, Delta e E. “Os vírus da hepatite A e E são transmitidos por via oral, ou seja, principalmente por meio de alimentos e água contaminada.
As hepatites B e C são transmitidas principalmente pelo sangue contaminado, por meio de uma relação sexual desprotegida, pela gestação ou durante o parto. A contaminação também pode ocorrer pelo compartilhamento de materiais como seringas, agulhas, cachimbo, escova de dente, navalhas, barbeadores, entre outros. Já a hepatite Delta é contraída por pessoas que têm o tipo B da doença. “A hepatite é uma inflamação do fígado que compromete o funcionamento normal do órgão. Pode ser causada por vírus, bactérias, álcool, drogas e alguns medicamentos”, explicou a médica.
Segundo Mariliza Henrique, o número de casos de hepatite viral registrados no Ambulatório do Centro de Referência aumentou 56,9% em cinco anos. Em 2004, quando o centro entrou em funcionamento, foram registrados 388 casos. Em 2009, o número chegou a 609 casos. No total, de acordo com a médica, o centro registrou 4.164 casos de hepatites virais, sendo 68,5% em homens.
O aumento do número de casos registrado, de acordo com a médica, deu-se justamente por causa do diagnóstico da doença. “Quando se começa a educar a população para garantir a orientação, e se aumenta a oferta de testagem para o diagnóstico, acaba aumentando o número de casos”, disse.
Micheline Woolf disse que, no Brasil, não se sabe exatamente o número de pessoas infectadas por hepatite C, mas que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma estimativa. “A OMS calcula que de 3 milhões a 5 milhões de brasileiros estejam infectados”. Ela também ressaltou que “uma em cada 12 pessoas no mundo tem hepatite C e não sabe”.
Pessoas que tenham dúvidas sobre a doença podem entrar em contato com o Disque DST/Aids 0800-162550 ou com a ONG http://www.unidosvenceremos.com.br/.
Fonte: Agência Brasil
Um laboratório francês começou a construir na cidade de Neuville-sur-Saône, interior da França, uma fábrica que vai produzir uma forma de combate à dengue. Porém, essa vacina ainda não foi aprovada pelos diversos órgãos reguladores, e está na fase final de testes na Austrália. O investimento da empresa chega a quase 300 milhões de euros (quase R$ 700 milhões).
A intenção da empresa é trazer a nova vacina ao Brasil, país que registrou mais de 1 milhão de casos de dengue no ano passado. A vacina está passando pelos testes finais para comprovação da eficácia, para daí ser enviada aos órgãos reguladores de países como Estados Unidos, Tailândia e Brasil para aprovação. A aposta da empresa é alta. “Acreditamos na aprovação, principalmente porque não há nenhum produto semelhante a esse no mercado”, afirma Susan Watkins, diretora de comunicação científica.
Mesmo com essa expectativa, a vacina só deve ser distribuída em 2015. Isso porque a nova fábrica deve ficar pronta só em 2013. Já os testes em pacientes humanos – que já estão acontecendo – duram entre dois e três anos. Finalmente, os processos de aprovação nos órgãos sanitários costumam durar um ano.
“Há acertos a serem feitos quanto à distribuição, mas queremos investir mais em produção local. Apesar disso, o Brasil ainda não está entre as prioridades globais para receber investimentos em laboratórios. Porém, para receber o produto, o país é uma prioridade entre os mercados emergentes”, explica Susan.
A dengue é uma doença transmitida por um vírus, e os sintomas variam entre febre alta, dores musculares e articulares generalizadas, indisposição intensa, dores de cabeça, pequenos sangramentos, entre outros. É facilmente confundida com uma gripe, por isso o diagnóstico é primordial para a detecção da doença. Atualmente existem quatro tipos da doença, sendo que a do tipo 3, também chamada de dengue hemorrágica, é a mais perigosa, podendo causar a morte se não tratada a tempo.
Respeito à autonomia do paciente e uma boa comunicação entre médico e paciente são necessários quando há uma situação de doença terminal em que se decide pela interrupção do tratamento. O alerta é da presidente do Comitê de Terminalidade da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), Raquel Moritz, que concedeu entrevista nesta terça-feira ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
“O diagnóstico deve ser compartilhado com o paciente e ele dará a definição adequada do que ele quer para sua vida. Temos que respeitar seu direito à autonomia”, argumenta.
Raquel Moritz lembrou que a prática da ortotanásia, que consiste em interromper o tratamento de um paciente em estado terminal, foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2006 e entrou em vigor no fim do ano passado. A Resolução 1.805 determina que o médico pode limitar ou interromper o tratamento, desde que se tenha a aceitação do doente ou, se este for incapaz, de seus familiares.
Segundo a resolução do CFM, o médico tem a obrigação de esclarecer o doente ou seu representante legal sobre as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação. Ela enfatizou que a decisão deve ser fundamentada e registrada no prontuário. Deve-se também garantir ao doente ou a seu representante legal o direito de pedir uma segunda opinião médica.
Raquel Moritz disse que é importante deixar claro a diferença entre eutanásia e ortotanásia. “São coisas completamente diferentes. Simplificadamente, a ortotanásia é deixar morrer e a eutanásia é fazer morrer, lembrando que sempre deve ser a pedido do paciente porque senão é considerado homicídio”.
Mesmo após a decisão pela ortotanásia, de acordo com ela, o doente deve continuar recebendo todos os cuidados necessários para aliviar o sofrimento, assegurada a assistência integral, inclusive o direito da alta hospitalar, se possível. “Nós temos que tratar uma pessoa dando-lhe qualidade de vida até o momento de sua morte”, completa Raquel.
O novo Código de Ética Médica, que entrou em vigor em abril do ano passado, definiu que o médico não é obrigado a conduzir tratamentos considerados fúteis. “Falar sobre a morte sempre é difícil, principalmente para médicos que são formados para curar”, conclui Raquel.
Fonte: Agência Brasil