Notícias
Os preços dos medicamentos genéricos podem variar até 986,96%, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Procon de São Paulo. O levantamento apurou os valores cobrados por 52 remédios genéricos e de referência (de marca) em 15 drogarias distribuídas pelas cinco regiões do município.
Segundo a pesquisa , o diclofenaco sódico, 50 miligramas (mg), com 20 comprimidos, é o genérico com a maior diferença de preços - o menor valor encontrado foi R$ 0,92 e o maior R$ 10. A menor variação entre esses remédios classificados apenas pelo princípio ativo foi 163,16%. O cloridrato de metoclopramidar foi encontrado por R$ 3 na farmácia mais cara e R$ 1,14 com o melhor preço.
Em comparação com os medicamentos de de marca, a pesquisa apontou que os genéricos são, em média, 57,25% mais baratos. Entre os remédios de marca a variação de preço chegou a 134,90%.
Por região, a zona sul paulistana foi a que apresentou a média de preços mais baixa. Segundo o estudo, entre 75% e 100% dos remédios estavam com preços iguais ou inferiores à média geral. Na zona oeste o percentual ficou entre 6% e 24%, na norte, entre 10% e 38%, na leste, entre 6% e 81%, e no centro, entre 16% e 77%.
A aplicação de descontos, a rentabilidade da loja e as condições comerciais de compra foram alguns dos fatores apontados pelo Procon como determinantes de preço. O órgão destacou ainda que em algumas redes de drogarias há políticas diferentes para cada canal de venda: loja física, telefone e página na internet.
Fonte: Agência Brasil
Sem alcançar a meta prevista, o Ministério da Saúde recomenda que estados e municípios mantenham campanha de vacinação contra a gripe. Cabe a cada gestor local decidir o prazo e os locais onde o público-alvo (crianças com menos de 2 anos de idade, idosos, gestantes, profissionais de saúde e índios) pode se vacinar. O Distrito Federal e 19 estados já anunciaram a prorrogação da campanha.
Até as 18 horas da última sexta-feira (13), oficialmente o último dia da campanha nacional, mais de 18 milhões de pessoas haviam se vacinado, o equivalente a 60,24% do público-alvo, de acordo com balanço do ministério. O governo esperava imunizar 80% (cerca de 24 milhões de pessoas).
Os maiores percentuais de cobertura, acima de 60%, foram registrados entre idosos, crianças e trabalhadores do setor de saúde. Já entre as gestante e os indíos, o percentual ficou abaixo de 40%.
Apesar de não ter alcançado a meta, o ministério argumentou que o resultado é o segundo melhor dos últimos cinco anos, perdendo somente para 2008, que atingiu 65,35% de cobertura nacional. Nos anos anteriores, foram vacinados apenas idosos e indígenas. A partir deste ano, gestantes, crianças e os profissionais de saúde entraram na lista dos grupos prioritários.
Em 12 estados, a vacinação permanece por mais uma semana, até o dia 20 de maio: Pernambuco, Piauí, Alagoas, Rio Grande do Norte, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Sergipe e Espírito Santo.
No Amazonas, a campanha também foi prorrogada até o dia 20 nas cidades, mas nas áreas rurais e aldeias, a vacinação vai até o dia 31. Em Minas Gerais, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a decisão de prorrogar ou não a campanha depende das prefeituras. Belo Horizonte decidiu estender a vacinação até o dia 20.
Mato Grosso, Tocantins e Distrito Federal vão manter acampanha até 27 de maio. Em Roraima, a vacinação vai até o dia 26 e, no Acre, até o dia 30 de maio. Na Paraíba, as pessoas podem procurar os postos de saúde até 10 de junho e no Ceará, até 13 de junho.
Em Mato Grosso do Sul, a vacinação segue nas cidades onde a meta não foi atingida e cada município definirá a data de encerramento da ação. Na Bahia, a Secretaria Estadual de Saúde informou que não haverá prorrogação, mas recomendou aos municípios que mantenham o esforço de vacinação.
A Agência Brasil não conseguiu contato com as secretarias de Saúde do Maranhão, Amapá, Pará e de Rondônia.
A vacina protege contra os vírus que mais circularam no Hemisfério Sul em 2010, entre eles o Influenza H1N1, responsável pela influenza A (H1N1) - gripe suína. A vacina é contraindicada para quem tem alergia a ovo ou apresentou reações a doses anteriores da vacina contra gripe.
Fonte: Agência Brasil
Pelo menos dois terços da população mundial morrem anualmente por causa de doenças não transmissíveis, como os problemas cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes e câncer. No caso dos países em desenvolvimento, a situação se agrava por causa das chamadas doenças contagiosas, como diarreia, pneumonia e malária, que têm maior probabilidade de matar crianças menores de 5 anos de idade.
As informações são da Organização da Mundial da Saúde (OMS). A conclusão está no estudo denominado Estatísticas de Saúde Mundiais 2011, divulgado hoje (13), em Genebra, na Suíça, pela OMS. Porém, os especialistas advertem que além das doenças crônicas e contagiosas, há também fatores de risco que contribuem para aumentar o número de mortes no mundo.
No estudo, os fatores de risco citados são o tabagismo, o sedentarismo, a má alimentação e o uso de abusivo de álcool. De acordo com os dados, quatro em cada dez homens e uma no grupo de 11 mulheres fumam e pelo menos um adulto, em cada oito é obeso.
Os especialistas também se preocupam com as mortes das mães durante a gravidez ou em decorrência do parto. Os últimos dados mostram que houve uma redução significativa. A mortalidade materna diminuiu em 3,3% por ano, desde 2000. O número de mulheres que morrem em consequência de complicações durante a gravidez e do parto diminuiu de 546 mil em 1990 para 358 mil em 2008.
"[O estudo por meio dos dados] mostra que não há país do mundo que possa tratar a saúde sobre qualquer perspectiva apenas sob o prisma de uma doença infecciosa ou de uma doença não transmissível. Cada país deve desenvolver um sistema de saúde que atenda a toda a gama de ameaças", disse o diretor do Departamento de Estatísticas de Saúde e Informática da OMS, Ties Boerma.
O estudo Estatísticas de Saúde Mundiais é um relatório anual, elaborado com base em mais de 100 indicadores de saúde transmitidos à OMS pelos representantes dos 193 países que integram o órgão. O objetivo é preparar uma análise global a partir de situações específicas e buscar, com o apoio das agência vinculadas às Nações Unidas e os demais parceiros, a melhoria dos sistemas de saúde.
Fonte: Agência Brasil
O consumo do crack, muitas vezes, é apenas um sintoma do abandono e da exclusão socioeconômica em que a pessoa se encontra, segundo revela a pesquisadora e psicológa Luciane Marques Raupp, em estudo da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. A pesquisa se concentrou durante seis meses na região da Cracolândia, em São Paulo, e um ano em diversas regiões de Porto Alegre.
Segundo Luciane, “a droga não é só problema de saúde. Também é um problema social, econômico e de segurança pública, por isso, exige ações integradas que envolvam estas áreas. Atualmente, se usa repressão e curtas internações, o que raramente funciona”, afirma. De acordo com a psicológa, estas ações devem abordar áreas que trabalhem em conjunto para reabilitar o usuário e reinseri-lo na sociedade, oferecendo aos dependentes que estão na rua: moradia, orientação profissional, acompanhamento médico e psioclógico.
A pesquisa se baseou em entrevistas informais e observação participante em locais de intenso movimento de venda e uso da droga na região central de São Paulo e Porto Alegre. Empregando o método etnográfico, que tem por premissa uma imersão no campo de pesquisa, a pesquisadora buscou interagir com os entrevistados durante um longo período de tempo, em momentos de socialização e uso de drogas. O estudo visou descrever os circuitos onde viviam e interagiam os pesquisados, seu perfil, padrões de sociabilidade e a relação entre uso da droga, autocuidado e autocontrole.
Após as entrevistas os dados eram transcritos para um diário de campo. A análise deste diário sugere uma estreita relação entre o contexto social dos usuários e seu padrão de uso de crack. Segundo o estudo, a grande maioria dos dependentes das regiões estudadas estavam morando nas ruas e apresentavam um padrão de uso compulsivo da droga, ou seja, deixavam em segundo plano o autocuidado ou quaisquer outras atividades frente ao consumo frenético do crack. Entre uma minoria de usuários verificou-se um padrão de uso controlado de crack, com a aplicação de estratégias de autorregulação do uso.
Cotidiano dos usuários
A maioria dos usuários que participou do estudo estavam “em trânsito pela rua”. Ou seja, ficam na rua e se entregam ao consumo de crack, porém quando conseguem um emprego ou retomam vínculos sociais, saem das ruas e diminuem o consumo. Contudo, quaisquer reviravoltas os fazem retornar ao consumo compulsivo da droga.
Enquanto estão sob consumo intenso do crack, os dependentes dividem seu tempo entre atividades de sobrevivência e de captação de dinheiro para a compra da droga. Após consumirem a droga, eles retornam às atividades de sobrevivência, completando, assim, o círculo vicioso.
Cracolândia
Diferentemente de Porto Alegre, onde o tempo de pesquisa foi maior devido a necessidade de inserção e descoberta dos circuitos, em São Paulo a pesquisa se concentrou na Cracolândia.
Com o apoio da ONG “É de Lei”, formada por agentes de redução de danos, a pesquisadora conseguiu abordar com mais facilidade os usuários da droga. “Devido ao tipo de trabalho realizado pelos agentes, os quais se apresentavam despidos de preconceitos, facilitando um acesso mais tranquilo e informal aos usuários”, diz Luciane.
O trabalho de campo foi realizado durante o dia, o que implica em um recorte do tipo de usuário. Com isso, “abordamos, majoritariamente, moradores de rua sem vínculos econômicos e sociais, que se entregavam ao crack”, diz.
Para a pesquisadora, a Cracolândia faz parte da degradação que o centro histórico de São Paulo sofreu após as décadas de 1950 e 1960, quando foi abandonado pela elite paulistana, pelo surgimento de novas centralidades. “A Cracolândia existe porque os moradores de rua e os usuários dependem do centro para sobreviver. Por isso, a repressão não consegue os expulsar. Sob esta ótica, a Cracolândia possui como que uma função social”, argumenta.
Programas mais abrangentes e que congregam ações integradas para o combate do consumo de crack e reablitação dos usuários já existem na capital paulista. Contudo, segundo Luciane, não dão conta da demanda e, além disso, não abordam todas as complexidades do tema. “Estes programas atuais não oferecem o tempo e o suporte necessário para o morador de rua e usuário de crack se adaptar a uma vida estruturada e regrada, o que é fundamental para sua reabilitação”, conclui.
Fonte: Agência USP de Notícias
Acidentes que envolvem a utilização do álcool são uma das principais causas de queimadura no Brasil. Como aponta a pesquisa do médico Gino Arrunátegui, por trás de números e estatísticas existem diversas circunstâncias sociais e culturais capazes de tornar uma pessoa mais ou menos vulnerável a situações de riscos de queimadura. O estudo, realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sugere medidas e oferece subsídios ao poder público para que combatam o problema e protejam principalmente os mais vulneráveis, como crianças de famílias de baixa renda.
“A sobretaxação no preço do álcool ‘mais perigoso’, de concentração mais elevada, por exemplo, pode direcionar o consumo para o álcool menos perigoso, consequentemente mais barato, principalmente nas populações mais pobres, pois elas optariam por pagar o menor preço”, aponta o pesquisador. De acordo com o estudo, o álcool é usado como produto de limpeza na maioria dos lares brasileiros. É utilizado como combustível para acender churrasqueiras e fogueiras. Além disso, é aplicado na pele como remédio: misturado à cânfora, para contusões, ou embebendo uma fralda colocada em volta do pescoço, para “baixar” a febre.
Propostas
O médico conta que o reconhecimento da queimadura por álcool como um problema social e de saúde pública veio à tona em 2002, com uma intervenção governamental: a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que restringia a comercialização da substância em grandes concentrações. No entanto, os maiores fabricantes do produto foram liberados judicialmente de acatarem à Resolução dias antes de acabar o prazo limite de adequação. “Porque o poder público não tinha subsídios suficientes, esses fabricantes conseguiram descaracterizar as ‘provas’”.
A partir da pesquisa, orientada pelo professor Arnaldo A. F. de Siqueira, defendida no dia 4 de maio de 2011, o poder público passa a ter esses subsídeos, e pode pensar em uma reformulação da Resolução de 2002, com uma proposta de estimular a população a escolher os produtos mais seguros.
Além da sobretaxação, a disponibilização obrigatória de combustível sólido junto ao pacote de carvão aparece como proposta capaz de amenizar o problema. Segundo Arrunátegui, colocar advertências mais visíveis nas embalagens do produto, que deixem claro os riscos de acidentes, é também uma medida que deve ser tomada. Mas o autor afirma que é essencial uma política fiscal efetiva que funcione em parceria com essas normas.
Vulneráveis
De acordo com o estudo, uma pessoa pode ser mais vulnerável a acidentes por pertencer a uma classe social mais baixa. Como exemplo, Arrunátegui conta que “fazer churrasco pode ser mais perigoso para uma pessoa pobre, pois ela não pode pagar por uma churrasqueira com dispositivos de segurança ou por combustível sólido, como poderiam os membros de uma classe social mais alta. “Quando falamos em crianças, as que pertencem a uma família de baixa renda correm ainda mais riscos, uma vez que a própria infância já é um período de vulnerabilidade a acidentes.”
Um dos primeiros passos da pesquisa foi a coleta de dados sobre casos de queimaduras no Brasil, como o número de vítimas. O médico aponta que não existe um banco de dados brasileiro com esse tipo de informação, o que dificulta as análises que dão origem às medidas. Em vista desse obstáculo, Arrunátegui propõe que seja adotado um código específico no banco de dados do Ministério da Saúde para notificação das internações por queimaduras com álcool. “Isso vai colaborar para que a população e o poder público avaliem as intervenções e resoluções relacionadas às queimaduras com informações de qualidade”.
A segunda etapa do estudo foi entrevistar os pais de crianças vítimas de queimaduras por álcool, com a finalidade de entender “quem era essa vítima” e “como aconteceu o acidente”. As entrevistas aconteceram com 16 pais, no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “Como o HC é um hospital público, a maioria dos pais pertencia às classes mais populares”, conta o médico. “Os depoimentos mostram que o acidente reflete a maneira como essas famílias vivem e como tentam cuidar dos seus filhos no dia-a-dia, dando conta das atividades da rotina características de seu grupo social.”
Fonte: Agência USP de Notícias