Notícias
A maioria das pessoas costuma relacionar dores nos pés e tornozelos a um tipo determinado de sapato. Nesse contexto, os sapatos de salto alto são quase sempre os vilões. Mas especialistas alertam que a melhor forma de evitar o desconforto nessa área do corpo é usar variados tipos de sapato. Para o ortopedista e especialista em pé e tornozelo do Into, Instituto de Traumatologia e Ortopedia, Isnar Moreira, da mesma forma que o uso excessivo do salto alto provoca dores, sandálias baixas usadas em longas caminhadas podem causar dores, não só nos pés como nas costas e na região lombar.
"Quais são os problemas do salto? Quando você usa o salto muito tempo, você encurta muito a panturrilha e você sobrecarrega muito a parte da frente do pé. Então seria muito conveniente que você alternasse, não usasse só o mesmo tipo de salto todo dia. Às vezes um salto mais alto, às vezes um salto mais baixo ou no final do dia fizesse um tipo de alongamento, fizesse algum tipo de exercício nos dedos também pra você evitar o comprometimento daquela parte que você apóia mais o pé. Mas principalmente que você pudesse alternar o calçado."
O ortopedista do Into lembra que os homens que desenvolvem atividades que exigem grande esforço físico também precisam ficar atentos aos sapatos que usam.
"Aqueles que trabalham com grande esforço físico. Esses, como o sapato tem que ser um sapato de segurança, em que a sola é muito dura, muito rígida e plana e ele fica em pé o dia inteiro, fazendo esforço e andando. Esses indivíduos, o que é mais recomendado, dependendo da forma do pé, alguma forma de palmilha dentro do próprio calçado para poder amortecer o impacto do esforço diário, e principalmente não pode ser muito gordo, muito pesado."
O especialista em pés e tornozelo do Into, Isnar Moreira, ressalta que além de revezar os tipos de calçados, é essencial manter o peso ideal e realizar atividades físicas.
Reportagem de Juliana Costa - Ministério da Saúde
Link de acesso: http://www.webradiosaude.com.br/saude/visualizar.php?codigo_noticia=PDMS100761
Com ajuda de exercícios físicos aeróbicos (caminhada e/ou corrida), um grupo de onze mulheres que passaram por cirurgia de redução do estômago (gastroplastia) conseguiu perder entre 8,2 e 15 quilos (kg) em três meses. O estudo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP acompanhou os efeitos dos exercícios em mulheres obesas que se submeteram a cirurgia um ano e meio antes dos testes. Após 12 semanas de treinamento, quatro mulheres apresentaram a classificação de Índice de Massa Corporal (IMC) normal.
O IMC é uma medida internacional usada para calcular se uma pessoa está no peso ideal: o peso corporal (em quilogramas) é dividido pela altura (em metros e ao quadrado). Em ambos os sexos, os valores de IMC para o sobrepeso encontram-se entre 25-29,9 quilos por metro quadrado (kg/m2) e, para a obesidade, encontram-se acima de 30,0kg/m2, podendo ser divididos três grupos (grau I – 30 a 34,9 kg/m2; grau II – 35 a 39,9 kg/m2 e grau III – acima de 40 kg/m2)
Antes dos testes da pesquisa e 18 meses depois da cirurgia, três mulheres estavam com obesidade severa, três se apresentavam com obesidade de grau I (menos arriscada) e cinco na classificação de sobrepeso.
“Quando observamos as pesquisas relacionadas à obesidade, constatamos que após dois ou três anos de cirurgia alguns obesos ainda apresentam a classificação de IMC em obesidade. Poucos entram na classificação de sobrepeso e/ou eutrofia (normal)”, comenta a professora Marcela Grisólia Grisoste , autora da pesquisa, destacando o resultado alcançado.
A pesquisa também avaliou a composição corporal do grupo, o que foi obtido pelo percentual de gordura por dobras cutâneas. “É um método duplamente indireto que avalia a quantidade de gordura e a quantidade de massa muscular de uma pessoa”, explica Marcela. Com os exercícios aeróbicos, as mulheres conseguiram uma redução significativa das dobras cutâneas e do percentual de gordura. A professora enfatiza a preocupação na diminuição da quantidade de gordura, pois ela “pode ser notada não somente do ponto de vista estético, mas também de qualidade de vida das pessoas, já que a obesidade está associada a um grande número de doenças crônico-degenerativas”.
Outra medição realizada pelo estudo se refere ao condicionamento físico das participantes. Para isso, a professora avaliou a frequência cardíaca de repouso delas. Houve uma redução média de 11,90 batimentos por minuto, o que demonstra melhoria na condição física.
Treinamento
A pesquisa é fruto da dissertação de mestrado de Marcela para a EEFE, com orientação do professor Luzimar Raimundo Teixeira. O treinamento aplicado consistiu, primeiramente, na avaliação da composição corporal das mulheres, identificando dados como o peso, a altura e o percentual de gordura. Durante 12 semanas, o grupo de onze mulheres realizou 60 minutos de caminhada e/ou corrida cinco vezes por semana. Após esse período, foram reavaliados todos os percentuais da composição corporal.
As onze participantes escolhidas já tinham sido operadas pela gastroplastia denominada Bypass y de Roux, técnica cirúrgica mais utilizada nos últimos 30 anos que provoca uma perda de peso e possui uma menor quantidade de complicações no paciente.
Ela ainda aponta que a pesquisa visou observar os efeitos do exercício aeróbio no grupo, sem trabalhar com outros fatores que poderiam influenciar os resultados, como uma orientação nutricional. “Talvez se tivéssemos controlado a orientação nutricional as perdas poderiam ser maiores. E quem sabe, não somente 4 estariam classificadas no IMC normal e sim todas as 11 mulheres”, comenta.
Por Felipe Maeda Camargo - Agência USP de Notícias
Link de acesso: http://www.usp.br/agen/?p=42772
Experimentos realizados no Departamento de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP possibilitaram a microencapsulação de própolis. Os pesquisadores conseguiram obter um pó que tornou a própolis isenta de álcool e com gosto e aroma atenuados. Os estudos foram realizados sob a coordenação da professora Carmen Sílvia Fávaro Trindade, da FZEA.
“A própolis é uma resina produzida pelas abelhas para proteger a colmeia. Seu efeito protetor poderia se estender também aos alimentos, proporcionando ação antimicrobinana, que evita a propagação de microrganismos, e antioxidante, que protege contra a oxidação lipídica”, destaca Carmen. No entanto, a substância além de ser solúvel em álcool, possui gosto amargo e aroma forte, o que inviabiliza sua utilização direta nos alimentos, como um aditivo natural. “O objetivo da microencapsulação foi justamente facilitar a incorporação aos alimentos”, descreve a professora.
A inserção de própolis microencapsulada em salames propiciou efeitos antimicrobianos e principalmente antioxidantes no produto. A utilização das microcápsulas no salame é fruto de um projeto conjunto entre a FZEA e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. Segundo Carmen, o experimento é parte de uma dissertação de mestrado da Esalq, desenvolvida pela engenheira de alimentos Sabrina Bernardi. “Aqui na FZEA desenvolvemos e estudamos a tecnologia. A aplicação foi realizada neste estudo da Esalq”, conta.
Cápsulas invisíveis
O processo de microencapsulação transforma a própolis em cápsulas de dimensões invisíveis a olho nu, da ordem de 2 a 100 micrômetros (µm). “Devido a dimensões tão reduzidas, obtemos quantidades de pó com as microcápsulas. Este pó é então introduzido no alimento. A microencapsulação reduziu o cheiro forte da resina e amenizou seu gosto amargo. Além disso, o produto tornou-se solúvel em água”, explica Carmen.
A professora descreve que foram utilizados dois processos de microencapsulação da própolis: a atomização e a coacervação complexa. Ambos já conhecidos, todavia o segundo nunca tinha sido utilizado para encapsulação da própolis.
No processo de atomização, a parede da microcápsula que recobre a própolis era composta dos polímeros de amido modificado ou goma arábica. “As microcápsulas foram obtidas por nebulização de uma dispersão contendo o extrato etanólico de própolis e o material de parede em uma câmara com entrada de ar a alta temperatura, que promovia a evaporação instantânea da água e do álcool e a formação de microcápsulas que eram recolhidas na forma de um pó bem fino”. Este trabalho foi realizado pelo estudante do curso de Engenharia de alimentos da FZEA, Felipe Correa.
Já no processo de coacervação complexa, o material de parede era formado pelo complexo formado por proteína isolada de soja e pectina. “A própolis é rica em compostos de cargas positivas”, ressalta Carmen. Uma solução de proteína isolada de soja é colocada em meio alcalino, condição onde predominam cargas negativas na molécula e, então, misturada à própolis para se proporcionar ligação entre as cargas opostas, formando-se a primeira parede da cápsula. Em seguida adiciona-se a solução de pectina, que é um polissacarídeo com cargas negativas e se reduz o valor de pH do meio, para se promover a alteração das cargas ainda disponíveis da proteína para negativa. Nessa condição, a pectina e a proteína isolada de soja ligam-se formando a segunda parede da microcápsula. Este trabalho foi desenvolvido pela aluna do curso de Engenharia de alimentos da FZEA Mirian P. Nori, e obteve o primeiro lugar na 2a edição do Prêmio Henry Nestlé, na categoria Ciência e Tecnologia de Alimentos.
As pesquisas com os processos de microencapsulção tiveram início em 2007 e foram concluídas em 2009. Carmen lembra que os estudos foram viabilizados com auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Por Antonio Carlos Quinto - Agência USP de Notícias
Link de acesso: http://www.usp.br/agen/?p=42836
Uma alimentação mais saudável pode ser incentivada por meio de uma política de ajuste de preços dos alimentos. Por meio da isenção de impostos sobre alimentos saudáveis e do aumento de impostos sobre os não saudáveis é possível estimular o consumo dos primeiros e promover uma dieta mais adequada da população. A proposta é de um estudo da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP intitulado “Influência da renda familiar e dos preços dos alimentos sobre a composição da dieta consumida nos domicílios brasileiros”.
A pesquisa partiu da ideia de que os valores de comidas e bebidas influenciam nos hábitos alimentares. “Buscamos analisar como o preço estimula ou desestimula o consumo de certos alimentos”, explica o nutricionista Rafael Moreira Claro, autor do estudo. No caso de frutas e hortaliças, se o seu preço baixasse em 10%, o total de calorias ingeridas provenientes desses alimentos aumentaria em quase 7,9%.
De acordo com o estudo, atualmente, frutas, legumes e verduras são a parte mais cara de uma dieta. “Se uma pessoa quiser ingerir 1.000 calorias comendo apenas estes alimentos, precisaria de quase R$ 4,50 enquanto, hipoteticamente, poderia conseguir a mesma quantidade de calorias ingerindo açúcar com apenas R$ 0,3 (30 centavos)”, relata Moreira Claro. Assim, para não encarecer a refeição, a população de baixa renda acaba comendo menos frutas e hortaliças, alimentos saudáveis que poderiam fazer parte da dieta em maior proporção. “Uma redução nos impostos sobre estes produtos ajudaria na diminuição de seu preço e no consequente aumento de seu consumo”, observa o nutricionista, que ressalta: “A diminuição das taxas, porém, deve ser acompanhada de publicidade que avise ao consumidor sobre tal redução. Caso contrário o supermercado pode não repassar essa baixa de preço e continuar vendendo pelo mesmo valor”.
Em relação ao alimentos não saudáveis a pesquisa analisou as chamadas bebidas adoçadas (refrigerantes, bebidas energéticas e esportivas, além de sucos adoçados com açúcar) e apontou que se o seu preço aumentasse em 10%, seu consumo cairia em 8,4%. Para induzir o aumento do valor, a sobretaxação dos refrigerantes seria uma medida possível e traria benefícios à sociedade na medida em que reduziria o consumo de uma bebida responsável por causar obesidade. “O refrigerante não causa a obesidade sozinho, mas sua relação com a doença é evidente” alerta o nutricionista. Ele explica também que a diminuição na ingestão de bebidas adoçadas diminuiria os custos com o atendimento à saúde, em casos de obesidade e outras doenças crônicas. “O governo sairia ganhando, ainda que aumentar os impostos seja, num primeiro momento, uma medida impopular”.
Renda familiar
O maior ou menor consumo de alimentos saudáveis também é impactado pela variação da renda de uma família. Tal impacto, porém, é menor do que o causado por uma baixa nos preços. Um aumento de 10% na renda familiar, por exemplo, aumentaria apenas em 2,7% o total de calorias ingeridas provenientes de frutas e hortaliças. O fato é justificado em função da diluição desse aumento de renda na aquisição de inúmeros outros bens e serviços.
Moreira Claro elucida que a questão dos impostos é o jeito mais simples de influenciar no consumo porque o preço afeta a todos de uma forma global e o impacto é mais direto quando valores são alterados, para mais ou para menos. Além disso, nas classes mais altas, onde o poder aquisitivo já é significativo, o aumento da renda influencia ainda menos na compra de alimentos saudáveis. “Uma política de ajuste de preços, barateando os alimentos saudáveis e encarecendo os não saudáveis, é uma saída que traria mais efeito sobre a qualidade da dieta”, finaliza.
O estudo foi orientado pelo professo Carlos Augusto Monteiro, do Departamento de Nutrição da FSP.
Por Juliana Cruz - Agência USP de Notícias
Link de acesso: http://www.usp.br/agen/?p=43577
Agência FAPESP – Em 1997, o gene AIRE (“regulador autoimune”, em inglês) foi identificado como responsável pela suscetibilidade a uma rara doença. Desde então, novos estudos têm revelado evidências de que o gene está profundamente envolvido com um mecanismo fundamental para as doenças autoimunes em geral: a tolerância imunológica.
De acordo com uma das principais especialistas no assunto em todo o mundo, Diane Mathis, da Escola de Medicina da Universidade Harvard (Estados Unidos), a descoberta mais recente sobre o gene AIRE é intrigante: o gene é expresso ao longo de toda a vida, mas só causa a doença caso não seja expresso logo após o nascimento.
“Fizemos uma linhagem especial de camundongos nos quais podemos ‘ligar’ e ‘desligar’ o gene. Descobrimos, para nossa grande surpresa, que o AIRE precisa ser expresso apenas por um curto período de tempo após o nascimento – se isso não ocorrer, o animal pode ter doenças autoimunes. Mas se o gene é ‘desligado’ mais tarde, não faz diferença alguma”, disse à Agência FAPESP.
A descoberta foi feita em 2009 e os especialistas ainda estão tentando conhecer a diferença entre a expressão precoce e a expressão tardia do gene.
“Isso foi muito surpreendente e queremos descobrir por que o gene continua sendo expresso ao longo da vida, sem no entanto influenciar no aparecimento das doenças autoimunes. Estudar esse mecanismo será fundamental para compreender de fato a função do AIRE – que, por sua vez, poderá ensinar muito sobre mecanismos importantíssimos de tolerância imunológica”, explicou.
Diane esteve em São Paulo na semana passada, quando participou da São Paulo Advanced School on Primary Immunodeficiencies: Unraveling Human Immuno-Physiology, que reuniu, no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, 77 estudantes brasileiros e estrangeiros envolvidos com pesquisas relacionadas às imunodeficiências primárias.
O evento, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com o Instituto Gulbenkian de Ciência, de Portugal, foi organizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade de apoio da FAPESP.
Embora a poliendocrinopatia autoimune associada à candidíase e distrofia ectodérmica (APECED, na sigla em inglês) – a principal doença causada pela mutação no gene AIRE – seja bastante rara, os cientistas estimam que ela poderá ser uma oportunidade única para a compreensão da tolerância imunológica, um dos processos mais fundamentais do sistema imune.
A tolerância imunológica é o mecanismo que permite que o sistema imune seja capaz de distinguir os antígenos nocivos de suas próprias células e moléculas, impedindo que elas sejam atacadas pelas células T – glóbulos brancos especializados em coordenar a resposta imune contra tumores e agentes infecciosos. Quando a tolerância imunológica é suprimida, as doenças autoimunes aparecem.
“Sabemos que o gene AIRE controla a eliminação das células T, tendo um papel fundamental na tolerância imunológica. Mas o mecanismo molecular pelo qual esse controle é feito é algo muito intrigante. Começamos a ter alguma informação sobre como isso acontece, mas ainda não entendemos exatamente o mecanismo”, contou Diane.
De acordo com a cientista, se o mecanismo molecular AIRE for compreendido de forma precisa, esse conhecimento poderá fornecer opções de intervenção em pacientes de APECED, mas também de outras doenças.
“O gene não é importante apenas para o pequeno grupo de pacientes da APECED. Ele também é provavelmente fundamental para uma série de outras doenças ligadas à autoimunidade. Achamos que nesses casos não é o AIRE em si que está comprometido, mas algo nas vias moleculares”, disse.
Mecanismo de vigilância
Diane explica que há um mecanismo de tolerância central que ocorre no timo – órgão no qual são produzidas as células T – e um mecanismo de tolerância periférica que ocorre diretamente nos tecidos. O AIRE é fundamental para a tolerância central.
Outra molécula, a FOXP3, é fundamental para a tolerância periférica. Distúrbios ligados a ela também tornam os pacientes suscetíveis a várias doenças autoimunes.
“Sabemos que o AIRE é responsável por parte da tolerância, mas as células T circulam pelo corpo para detectar infecções e ali, na tolerância periférica, há outro mecanismo que envolve esse outro fator de transcrição, que é o FOXP3, responsável por cuidar de erros que possam ocorrer com a tolerância. É como um mecanismo de vigilância. Os dois mecanismos operam de forma complementar”, disse.
Para Diane, no entanto, o mecanismo molecular envolvido com o AIRE é o grande desafio, assim como os temas relacionados aos autoanticorpos e seu papel para a autoimunidade. Segundo ela, os problemas gerados pela mutação no gene são raros na população porque a doença não aparece caso apenas um cromossomo tenha a mutação.
“Podemos ter um casal sem qualquer sinal de doença autoimune, mas que tem a mutação. Quando eles têm um filho, a criança pode herdar a mutação do pai e da mãe e apresentar a doença, enquanto outros irmãos só herdam a mutação de um dos pais e não manifestam nenhum problema”, explicou.
De acordo com Diane, para que as pesquisas na área continuem avançando, é preciso investir não apenas nos projetos de pesquisa, mas no desenvolvimento tecnológico.
“Atualmente, fazemos coisas que antes eram tecnologicamente impossíveis. Podemos sequenciar todos os receptores e células T de uma pessoa, por exemplo, mas isso custa incrivelmente claro. Para fazer esses estudos em larga escala, será preciso investir em tecnologia e tornar esses procedimentos mais baratos”, afirmou.
Conhecimento compartilhado
Diane destacou que aumentar a interação entre os cientistas de várias partes do mundo será um fator essencial para o avanço do conhecimento sobre as doenças autoimunes. Para ela, a realização da São Paulo Advanced School on Primary Immunodeficiencies: Unraveling Human Immuno-Physiology representou uma dessas oportunidades.
“Escolas como essa, que reúnem cientistas de várias partes do mundo – e permitem um contato mais prolongado que em congressos e conferências –, são fundamentais. Todos nós aprendemos muito e essa interação possibilita colaborações valiosas”, afirmou.
Segundo Diane, até mesmo os casos de estudo apresentados pelos estudantes lhe trouxeram novas informações. “Estou aprendendo muito, porque pude ter contato com estudos relacionados a aspectos e abordagens que não haviam sido tratados por outros grupos”, afirmou.
A coordenadora do evento, Magda Carneiro-Sampaio, professora do Departamento de Pediatria da FMUSP, ressaltou que a presença de Diane foi um dos principais destaques da Escola. “Diane é hoje a maior estudiosa do fenômeno da tolerância imunológica central, no qual o gene AIRE exerce um papel crucial”, disse.
Geraldo Passos, das Faculdades de Odontologia e de Medicina, ambas da USP em Ribeirão Preto, também destacou a participação da cientista norte-americana. “A professora Diane é hoje a principal especialista sobre o gene AIRE. A participação dela no evento foi uma oportunidade muito importante, especialmente para os alunos”, disse.
Por Fábio de Castro - Agência FAPESP
Link de acesso: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13138/tolerancia-imunologica-e-intrigante.htm