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Não é segredo para ninguém que a maconha e a cocaína estão entre as drogas ilícitas mais consumidas no Brasil e no mundo. Mas afinal, por que isso acontece? Muitos são os fatores que podem explicar essa situação, mas o principal deles é a fácil aquisição dos entorpecentes no comércio ilegal, apesar da tentativa de combate por parte das autoridades.
Além de serem amplamente consumidas no país, tanto a maconha como a cocaína, ao lado de algumas drogas lícitas como o álcool e o cigarro, são consideradas por alguns profissionais da medicina como um ponto de partida para o consumo de outras substâncias ditas mais "pesadas". Saiba por que na entrevista do Idmed com especialistas do Serviço de Psiquiatria de Adições do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - RS.
Do ponto de vista médico, a maconha pode ser considerada uma espécie de porta de entrada para outras drogas? Se sim ou não, por quais motivos?
Sim, praticamente todas as drogas de abuso podem servir como facilitadoras para o uso de outras drogas, em função de alterações que ocorrem no chamado sistema de recompensa cerebral, que está envolvido na tomada de decisão e comportamento de busca. Geralmente, o início do uso de substâncias se dá com as drogas lícitas: o álcool e o tabaco. Contudo, quando observamos a trajetória desses usuários, percebemos que é alta a prevalência de dependentes de drogas ditas "pesadas", como a cocaína e o crack, que fizeram uso anteriormente de drogas ilícitas "mais leves", como a maconha. O aumento na disponibilidade, que ocorre no nosso país, baixo custo e efeitos de curto prazo mais leves costumam aumentar a prevalência de experimentação e tornar a maconha mais socialmente "tolerável", mas os danos a longo prazo no psiquismo e na vida pessoal de um dependente dessa droga costumam ser extensos. Além disso, o fato de o usuário estar acostumado ao efeito das mais leves faz com que ele minimize os efeitos das drogas mais pesadas, além de ter um acesso facilitado pelo maior contato com o tráfico. Por isso, costuma-se dizer que a maconha é a porta de entrada, mas certamente não é a única.
Ainda do ponto de vista médico, as drogas consideradas lícitas como o álcool e o cigarro também não podem ser um convite aos usuários experimentarem outras drogas?
Além dos fatores neurobiológicos já citados anteriormente, existem outros de cunho social que fazem com que as drogas lícitas estejam relacionadas às drogas ilícitas. Estudos indicam uma predisposição genética aumentada para a dependência entre usuários de vários tipos de substância. A convivência em lugares e com pessoas que utilizam substâncias, muitas vezes, pode influenciar o consumo de outras. Como exemplo, existem os grupos que frequentam bares, boates e festas rave, que costumam abusar de várias drogas.
- Ant
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