Como surge a culpa e como lidar com ela?

A mente humana é um misto de emoções, pensamentos, desejos, sentimentos, histórias, significados, dentre outros aspectos. Todos esses elementos e mais alguns habitam a mente humana, que vive em constante mudança e interação com o meio ambiente. Nossa psique é morada de personagens dos mais diversos, mesmo que nossa razão e a sociedade tentem ignorar algum não moralmente aceito.

A moralidade da sociedade tende a formar algumas opiniões sobre a vida mental e expectativas sobre o comportamento das pessoas. Tais expectativas culturais tendem a conflitar com os desejos humanos. Espera-se que, por uma ética de vida, não tenhamos determinados tipos de comportamentos e atitudes. Por exemplo, a expectativa moral da fidelidade conjugal. O fato de não haver traição entre um casal não significa que não exista desejo para traição por parte de algum.

O que precisa ficar claro é que determinadas vivências mentais fazem parte naturalmente de nossa vida. Se perguntássemos agora aos leitores se há algum angustiado neste momento, muitos diriam que sim devido ao trabalho estressante ou a um problema familiar. Contudo, acharíamos meia dúzia que responderiam não. Ao afirmar que determinadas vivências mentais fazem parte naturalmente de nossa vida, não se quer dizer que são processos eventuais, mas sim qualitativos que só variam em amplitude e quantidade.

Pense num reservatório de água. Às vezes ele transborda com a chuva e inunda outras áreas que estavam secas, mas sempre contém água. Assim é a mente humana. A angústia é como a água desse reservatório. A angústia nos constitui, está em nós e nos forma, é combustível e não deve ser vista de maneira negativa. É pela angústia que a humanidade se move, tanto como o artista, o cantor, o poeta, o engenheiro, os amantes, as crianças, etc. A angústia é a condição da existência humana.