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Ilustração: Kauê T. Freitas

 

Para determinar o efeito da música sobre a função endotelial, pesquisadores estudaram o tema. A pesquisa incluiu 10 pessoas saudáveis e não fumantes de idade média de 36 anos. Os voluntários selecionaram 30 minutos de músicas que eles apreciavam. Em 4 ocasiões separadas, uma semana de diferença, as funções endoteliais dos participantes foram acessadas pela medida de fluxo sanguíneo no antebraço.

Em cada ocasião, a dilatação da artéria pelo aumento do fluxo sanguíneo foi medida no início e 30 minutos após cada estímulo: música aprazível, música que produzia ansiedade, um videoclipe de humor e uma fita de relaxamento. As pesquisas acharam que, comparada ao momento inicial, a dilatação do fluxo sanguíneo dos voluntários:

 

- aumentou 26% depois de ouvirem música agradável

- diminuiu 6% depois de ouvirem música geradora de ansiedade

- aumentou 19% depois de assistirem a um vídeo de humor

- aumentou 11% depois de ouvirem uma fita de relaxamento

 

A magnitude do aumento do fluxo sanguíneo associado à autoescolha de boa música foi o mesmo do observado previamente com atividade aeróbica ou terapia com estatina. Acredita-se que a base para isso seja devida a compostos com endorfina liberados pelo cérebro, que têm ação direta sobre a vascularização. É a grande caixa-preta das conexões cardíacas, tão difícil de quantificar, mas é uma área pouco desenvolvida pela ciência e que vale a pena ser investigada.

Vários estudos bem documentados mostram os efeitos positivos da música sobre ansiedade, depressão e dor em pacientes que têm doenças somáticas. Estudos recentes nas áreas de neurocognição e neuropsicologia sugerem que a música também melhora várias funções cognitivas, como a atenção, aprendizado, comunicação e memória, tanto em sujeitos normais como em certos transtornos, como a dislexia, autismo, esquizofrenia, esclerose múltipla, doença coronariana e demência. Em reabilitação cardíaca pós-enfarto, elementos musicais têm sido usados como parte da fisioterapia.

 

Referências

Cassileth et al., 2003; Cepeda et al., 2006; Siedliecki and Good, 2006.

Thaut et al., 1997.

 

 

evelyn_vinocur_site_copyEvelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo-comportamental. Atua há mais de 30 anos na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência. www.evelynvinocur.com.br

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