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O luto por uma morte abrupta pode ser mais difícil de superar do que o luto por uma morte já esperada?
As mortes por acidentes, bem como as mortes por desastres naturais, são bastante traumáticas. O sentimento preponderante nestes casos é a culpa, já que muitos cuidadores acreditam que poderiam ter evitado o acidente. Depressão, pensamentos recorrentes com o acidente, estresse agudo e estresse pós-traumático já foram relatados nestes casos.
Sentimento de culpa também costuma ocorrer em casos em que a morte se deu por eutanásia. Alguns estudos apontam que o arrependimento e a culpa acometem mais o cuidador que autorizou o procedimento. Dúvidas frequentes costumam ser: "eu fiz a coisa certa?", "eu tomei a decisão muito cedo?", "esperei demais para tomar a decisão?", "ele sofreu?".
Alguns estudos também apontam a figura do médico-veterinário como um provedor de conforto nos dias que seguem a morte. Este seria um fator importante na diminuição da intensidade do luto. No entanto, nos casos de eutanásia, o cuidador frequentemente desenvolve sentimentos contraditórios em relação à figura do médico-veterinário.
O luto pela perda de um animal, para algumas pessoas, chega a ser maior do que na perda de algum parente. Esse tipo de comportamento pode ser considerado normal ou depende de alguns fatores?
Ainda são poucos os estudos comparando este sentimento ao luto pela perda humana. Mas, em um destes, algumas pessoas relataram sentimentos de igual ou maior intensidade do que na perda de um parente. Esse comportamento pode ser considerado normal em casas onde o companheiro foi amado, respeitado e incorporado como parte da família. Esse sentimento vai depender também de alguns fatores, tais como o apego e o papel que aquele companheiro representou para o indivíduo. Nestes mesmos estudos, os participantes relataram que a presença do companheiro havia ajudado a superar períodos críticos da vida, como separação conjugal, desemprego e morte de familiares.
Quanto tempo o luto pela perda de um animal pode durar?
Não existem muitos estudos sobre o assunto, mas o tempo parece oscilar entre semanas e meses. Em um estudo, 1/3 dos entrevistados relataram luto e sentimento de tristeza por até 6 meses. Mas, de modo geral, o luto pela morte de um companheiro dura menos do que o luto pela perda de um parente próximo. A ausência de protocolos e rituais sociais para esse tipo de luto é um fator que pesa para seu encurtamento. Nesses casos, o cuidador tem que lidar com a contradição entre seus sentimentos e os sentimentos da sociedade. A falta de suporte social acaba fazendo com que o indivíduo ceda às pressões externas de continuar a vida sem deixar que seus sentimentos interfiram em suas atividades diárias. A evolução normal do luto é a diminuição gradual de intensidade até que reste a lembrança do ente querido, desprovida da tristeza e da dor inicial. Quando isso não ocorre, ou em casos em que o luto se torna muito intenso e insuportável, ele passa a ser considerado patológico.