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A leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é uma doença endêmica que possui elevada taxa de mortalidade (chega a 10%). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela está entre uma das "doenças negligenciadas", principalmente por atingir países pobres e em desenvolvimento, o que explica o baixo interesse da indústria farmacêutica para a pesquisa de novas drogas de tratamento.

No entanto, nos últimos meses, o Brasil parece ter avançado no que diz respeito às pesquisas sobre o tema. Na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP de Pirassununga, no estado de São Paulo, um recente estudo comprovou que o extrato da semente da pitanga possui compostos capazes de inibir a ação e reprodução da Leishmania amazonensis, o protozoário causador da doença.

Apesar de ainda não ter sido possível identificar quais substâncias estão presentes no extrato, um dos responsáveis pela pesquisa, o professor doutor Edson Roberto da Silva, explica como é possível que a semente da pitanga possa inibir a ação da doença. "A arginase, após ser sintetizada pelo parasita no citoplasma, é exportada para uma organela chamada glicossomo. Quando uma cópia do gene da enzima arginase é removida do genoma ou impedida de migrar para dentro do glicossomo, o parasita reduz a capacidade de infecção. O extrato de pitanga foi capaz de bloquear a arginase, que é essencial para o desenvolvimento do parasita."

Por meio de testes in vitro, a ação do extrato da semente de pitanga também foi testada para outras finalidades de acordo com o pesquisador, mas os resultados não foram tão conclusivos. "A arginase em mamíferos aumenta em processos de hipertensão, por exemplo. O bloqueio de sua ação poderia trazer benefícios cardiovasculares, mas é muito cedo para afirmar que no organismo esta ação seja observada", ressalta.

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