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A gripe A, que teve seu surto em 2009, teve um número de mortes bastante reduzido nos anos seguintes. A que se deve essa redução no número de casos?

Em 2009, houve a propagação de um novo vírus e a humanidade não tinha proteção contra esse agente, portanto muitas pessoas se infectaram. Todavia foi produzida uma vacina, e após a imunização (defesa contra o vírus) a transmissão viral foi diminuída e o número de pessoas contaminadas foi reduzido nos anos seguintes. Uma outra coisa que favoreceu foram as mudanças de hábitos de higiene, como a lavagem das mãos e o uso do álcool em gel.

 

A chegada do inverno exige cuidado redobrado da população e das autoridades de saúde? Por que e quais são os cuidados necessários?

Sim. O inverno propicia a transmissão, pois as pessoas ficam mais confinadas em ambientes fechados e a disseminação do vírus ocorre com mais facilidade. Muitas vezes pessoas com manifestações clínicas sugestivas do H1N1 frequentam determinados ambientes fechados, quando na realidade deveriam ficar isoladas em suas residências. Portanto, as autoridades de saúde devem divulgar determinadas informações, como: sinais e sintomas da doença, formas de transmissão e prevenção do vírus e hábitos de higiene, pois muitas doenças respiratórias, como a gripe e os resfriados, são transmitidas por meio das mãos sujas. Um simples hábito de lavar as mãos pode evitar a transmissão de muitas doenças.

 

Quais são alguns dos principais sintomas apresentados pelos pacientes e quando a pessoa deve procurar um médico?

Os sintomas são semelhantes a outras doenças que comprometem as vias aéreas superiores, como: febre repentina, tosse, dor de garganta, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e coriza. Aparecendo os sintomas o indivíduo deve ficar atento, principalmente se houver falta de ar e alteração na frequência da respiração, devendo procurar uma assistência médica para diagnóstico e monitoramento da doença. A infecção geralmente é mais intensa em grupos de risco, como: idosos, imunodeprimidos, gestantes, pessoas com algum comprometimento respiratório, diabéticos, cardiopatas.

 

Como é feito o tratamento hoje, três anos após o surgimento do surto da gripe? Houve alguma novidade ou ele é ainda feito com o Tamiflu?

Esse novo surto ainda está sendo caracterizado, ou seja, características virais estão sendo avaliadas, todavia o Tamiflu ainda é o tratamento de escolha pelo Ministério da Saúde.

 

Existe alguma possibilidade de uma nova pandemia da gripe A, caso os cuidados necessários para evitar isso não sejam tomados?

Pandemia provavelmente não. Em 2009, por não haver indivíduos com defesa contra o vírus, houve uma pandemia. Quando as pessoas começaram a ser vacinadas e a produzir defesas contra o vírus, a disseminação do vírus começou a ficar enfraquecida. Todavia surtos são imprevisíveis, principalmente em locais onde não houve uma boa cobertura vacinal.

 

 

Dra. Ana Cecília Cavalcanti é professora adjunta da Faculdade ASCES, Caruaru-PE, na área de Virologia, Imunologia e Microbiologia. Especialista na área de Virologia Humana pelo Instituto Adolfo Lutz, São Paulo. Possui mestrado e doutorado na área de doenças infecciosas e parasitárias pela Universidade Federal de Pernambuco.

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