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Os resultados confirmaram a hipótese inicial dos pesquisadores: pacientes com os melhores índices, tanto do controle das taxas de glicose quanto do colesterol, foram aqueles acompanhados por médicos com maiores escores de empatia. Além disso, a chance de um mau controle metabólico foi menor naqueles que tinham médicos com altos escores.

O perfil de empatia dos médicos reflete em parte a satisfação do paciente com o profissional e a confiança nele depositada, fatores que influenciarão o nível de aderência às recomendações médicas e os resultados clínicos. Os resultados reforçam a ideia de que empatia deve ser considerada como um componente integral da competência profissional de um médico e suportam recomendações de algumas associações médicas de que os médicos, já no curso de graduação, deveriam ser treinados com técnicas direcionadas ao incremento da empatia na prática clínica.

Para se ter mais uma ideia do poder de uma consulta médica em que o médico demonstra empatia, veja os resultados desta pesquisa publicada no ano de 2008.

Três tipos de tratamento foram oferecidos a pacientes com o diagnóstico de síndrome do intestino irritável: 1) apenas observação; 2) acupuntura placebo (sem perfuração da pele) e sem poder conversar com o paciente; 3) acupuntura placebo associada a atendimento com script padronizado com as seguintes características:

* 45 minutos de duração com questões relacionadas à descrição dos sintomas e percepção do paciente sobre a causa / razão do seu problema;

* comportamento empático por parte do terapeuta (exemplo: posso imaginar como a doença tem sido difícil para você);

* abordagem calorosa, amigável e com escuta ativa (exemplo: repetição das palavras do paciente e perguntas no sentido de melhor entender o que o paciente dizia);

* contato físico através da palpação do pulso em silêncio por 20 segundos;

* comunicação por parte do terapeuta de expectativas positivas quanto ao sucesso do tratamento (exemplo: eu tenho uma boa experiência e bons resultados com este problema).

 

Ao final do tratamento a seguinte pergunta era feita: Nas últimas semanas você teve alívio adequado dos seus sintomas?

A resposta foi sim em:

* 28% dos pacientes do grupo 1 (só observados);

* 44% dos pacientes do grupo 2 (acupuntura placebo);

* 62% dos pacientes do grupo 3 (acupuntura placebo + atendimento padronizado).

 

 

Dr. Ricardo Teixeira – CRM/DF 12050 – é doutor em neurologia e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp. Dirige o Instituto do Cérebro de Brasília e é o autor do blog "ConsCiência no Dia a Dia".

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