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Antidepressivos
Um dos efeitos secundários do tratamento com antidepressivos é em nível sexual, que geralmente incluem diminuição do desejo sexual (libido). Mas a baixa da libido é apenas uma das consequências possíveis, podendo também ocorrer disfunção erétil (dificuldade em obter e manter a ereção), ejaculação retardada e orgasmo diminuído ou até dificuldade em conseguir um orgasmo.
O mecanismo exato dessa interferência é ainda alvo de debate, indo desde a sedação à interferência com os mediadores cerebrais na zona do cérebro que regula o desejo sexual. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina são dos que mais têm efeitos a esse nível, embora os antidepressivos tricíclicos possam causar disfunção erétil.
Também quem sofre de pressão arterial elevada pode ver o desejo sexual diminuir: é um dos efeitos secundários dos medicamentos para tratar esse problema, sobretudo dos chamados betabloqueadores. É ainda possível que ocorra disfunção erétil, dificuldade em alcançar o orgasmo (nos homens e nas mulheres) e insuficiente lubrificação vaginal acompanhada de dor durante o ato sexual.
Os diuréticos, ao diminuírem o fluxo sanguíneo no pênis, podem tornar difícil uma ereção, bem como interferir na formação de testosterona devido à diminuição de zinco. Medicamentos ainda mais comuns, como os usados no tratamento da constipação, da gripe e das alergias, podem interferir a esse nível. Neste caso estão os anti-histamínicos de primeira geração que causam sonolência: e, quando se está sonolento, pode ser difícil manter o interesse no sexo.
Essas interações entre medicamentos e a libido tornam-se mais comuns com o avançar dos anos: é que os idosos são normalmente polimedicados, o que pode ter um efeito cumulativo. Nos homens, baixos níveis de testosterona podem também induzir uma quebra no desejo sexual. Já nas mulheres, a pílula contraceptiva parece igualmente ter alguma influência, embora alvo de discussão. Alguns dados apontam para cerca de 5 a 10% das mulheres que tomam a pílula poderem ter diminuição da libido e lubrificação.
Todavia, o fato de essas interações estarem identificadas não significa que sejam inevitáveis. Ou irreversíveis. Significa apenas que são possíveis. E há que esperar para ver: numa pessoa podem afetar a libido, noutra podem não ter qualquer interferência. E mesmo que haja perturbações é possível atuar: por exemplo, mudando o medicamento, de modo a obter o mesmo resultado terapêutico sem o inconveniente da baixa de desejo sexual.
Fale com o seu farmacêutico: se o medicamento não requerer receita médica, ele pode aconselhar uma alternativa segura e eficaz; se for preciso receita, recomendará uma consulta para eventual ajuste do tratamento. De uma forma ou de outra, saiba que é possível lidar com as relações delicadas que se estabelecem entre os medicamentos e a sexualidade.
Dr. Amaury Mendes Junior é médico ginecologista, sexólogo e possui pós-graduação em terapia sexual. Desenvolve pesquisas na área de sexualidade humana. http://www.amaurysexologo.med.br
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