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O que pode desencadear a anafilaxia?

Medicamentos, alimentos, venenos de insetos, látex e alguns agentes físicos são os principais desencadeadores de reações alérgicas agudas graves na população. Variações regionais são conhecidas e decorrem das diferenças no estilo de vida, dieta, exposição aos alérgenos, padrão de consumo de medicamentos, entre outros fatores. Em ambiente hospitalar, os medicamentos representam o principal grupo causador de anafilaxia. O conhecimento dos principais agentes desencadeantes é importante, pois aprimora o diagnóstico, normatiza o tratamento e serve para adotar medidas preventivas de novos episódios. Em muitos casos não se identifica a causa, atribuindo-se o termo anafilaxia idiopática.

Na gestante, os principais alimentos causadores de anafilaxia são os crustáceos, o amendoim, nozes e castanhas. Entre os insetos, os venenos mais implicados são os de abelhas, vespas e das formigas. Em relação aos medicamentos, destacam-se os antibióticos, bloqueadores neuromusculares, anti-inflamatórios não hormonais, anestésicos gerais, antissépticos locais, inibidores de angiotensina, um tipo de anti-hipertensivo, e até a ocitocina, utilizada para induzir o parto. Alguns agentes de uso terapêutico como membranas de diálise, plasma e plaquetas, imunoglobulinas endovenosas, anticorpos monoclonais, extratos alergênicos e vacinas também podem causar reações alérgicas graves, apesar de muito raras.

 

A anafilaxia na gravidez possui características em particular?

A verdadeira incidência da anafilaxia durante a gravidez é desconhecida, mas é considerada incomum. Estudos recentes sugerem que as reações anafiláticas nas gestantes, assim como nas demais pessoas, estão tornando-se mais frequentes. Provavelmente, isso se deve a um possível aumento na notificação dos casos. As causas de anafilaxia na gravidez são similares às da população em geral.

As características do choque anafilático na gestante são semelhantes às que ocorrem em outras pessoas, acrescidas dos riscos de um potencial sofrimento fetal por uma falta grave de oxigênio, que pode levar a sequelas neurológicas e à morte. A mulher grávida portadora de asma apresenta uma propensão a desenvolver anafilaxia potencialmente mais grave. Na gravidez, há situações peculiares que podem predispor às reações anafiláticas em indivíduos susceptíveis. O uso maior de medicamentos, como analgésicos, antieméticos, anti-inflamatórios, anestésicos tópicos, antissépticos e outras substâncias utilizadas no parto, assim como a utilização de antibióticos. Durante a gestação, também ocorre um contato intenso com o látex em exames diagnósticos, como no toque vaginal e nos procedimentos do parto.

 

Que cuidados uma gestante deve ter, levando em conta os riscos de uma anafilaxia?

Os princípios de avaliação do risco pré-gestacional para prevenir anafilaxia recorrente são semelhantes aos princípios em pacientes não grávidas. A base da prevenção é o afastamento da substância alergênica quando identificada previamente. É altamente recomendado que gestantes que já apresentaram anafilaxia anterior por insetos, alimentos ou idiopática adquiram adrenalina autoinjetável e sejam orientadas, da mesma forma que seus familiares, de como reconhecer precocemente os primeiros sintomas e de como agir nessa situação.

Durante a gravidez, os benefícios dos testes cutâneos, de provocação, dessensibilização e imunoterapia com alérgenos precisam ser ponderados frente aos pequenos riscos de anafilaxia induzida por tais procedimentos. Se eles estão sendo realizados em gestantes, os médicos devem estar cientes de que há pouca orientação publicada e o bom senso clínico é essencial.

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