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Como se caracterizam as crises de obsessão e compulsão nesses pacientes?

As obsessões e compulsões podem estar presentes o dia todo com a pessoa. Se os sintomas forem leves, eles causam pouca interferência e trazem pouco sofrimento na vida do indivíduo. Porém, se os sintomas estão presentes por muito tempo, consequentemente trazendo prejuízos e interferência, podemos considerar este um momento ruim. Por exemplo, uma pessoa não conseguir sair do banho porque tem que se lavar repetidas vezes, mesmo estando atrasada para uma reunião importante e familiares insistindo para a pessoa sair do banheiro. Esta cena pode durar 6 horas até que a pessoa consiga sair do banho. Podemos considerar um momento de crise.

 

As causas do transtorno são bem definidas por estudos ou ainda não é possível apontar?

As causas do TOC, assim como em outros transtornos psiquiátricos, ainda são desconhecidas. Entretanto, sabe-se da influência de fatores genéticos (ter algum familiar de primeiro grau com TOC aumenta a chance de a pessoa ter a doença) e de fatores ambientais (alguma complicação no parto, febre reumática na infância) na origem do transtorno.

 

É possível dizer que existem diferentes níveis do transtorno? Até que ponto ele é aceitável e a partir de quando passa a ser prejudicial?

A maioria da população pode ter um ou outro tipo de sintoma obsessivo-compulsivo sem que isso signifique que a pessoa tenha o diagnóstico. Como dito acima, é necessário que o sintoma ocupe ao menos uma hora por dia, cause prejuízo e tenha interferência na vida do indivíduo. Só a partir desses critérios podemos dar o diagnóstico. Uma vez dado o diagnóstico, é preciso avaliar o quanto os sintomas estão interferindo na vida da pessoa. O TOC pode ter diferentes níveis de gravidade, podendo ser considerado: leve, moderado, grave ou gravíssimo.

 

Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra, por meio de uma consulta clínica. Não existem exames laboratoriais que confirmem o diagnóstico.

Para casos leves, o tratamento pode ser feito apenas com a terapia, especificamente a terapia cognitivo-comportamental – TCC –, que tem se mostrado bastante efetiva. Para os casos mais graves, a medicação (inibidor seletivo da recaptação da serotonina) deve ser associada à terapia.

A escolha do tratamento é feita pelo psiquiatra junto com o paciente. Não existe cura do TOC, entretanto tratamentos adequados podem chegar a 80% de melhora do quadro.

 

 

Dra. Maria Alice de Mathis é psicóloga do Programa Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (PROTOC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Possui Mestrado e Doutorado pelo Instituto de Psiquiatria da FMUSP. Atualmente realiza Pós-Doutorado no Instituto de Psiquiatria da FMUSP.

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