Enxaqueca em idosos: atenção redobrada evita maiores problemas de saúde, como doenças cerebrovasculares

Quais os riscos que ela pode trazer à saúde do idoso?

A apresentação de aura da enxaqueca sem a dor da enxaqueca é comum em idosos.

A aura é um fenômeno neurológico que faz com que a pessoa enxergue manchas e luzes, fique com os dedos ou os lábios dormentes ou com alterações na fala e nos movimentos, entre outros sintomas. Ela geralmente aparece minutos ou poucas horas antes das crises e costuma durar menos de uma hora. Nos idosos há maior chance de ocorrer doenças cerebrovasculares (AVC ou derrame) que cursam com sintomas parecidos e o diagnóstico entre as duas doenças pode ser mais difícil.

Pode ser sinal de alguma doença mais séria?

Nos idosos, as cefaleias secundárias e algum problema mais grave são mais frequentes, como arterite temporal, tumores intracranianos, dissecção arterial...

O tratamento em idosos é o mesmo do que em adultos ou jovens? Qual é?

O tratamento da enxaqueca é dividido no tratamento das crises e no tratamento contínuo para prevenção das dores e é o mesmo que o utilizado nos mais jovens. No entanto, a atenção precisa ser maior pela maior chance de interações medicamentosas e contraindicações, numa faixa etária mais propensa a apresentar outras doenças e utilizar diversos medicamentos. Alguns medicamentos podem causar a dor de cabeça e o simples fato de identificá-los e substituí-los já pode ser o tratamento da dor.

Há alguma forma de evitar?

Sim. A prática de exercícios físicos é muito importante para diminuir a frequência das dores de cabeça, assim como técnicas de relaxamento. Outro ponto importante é evitar a automedicação e procurar um especialista.

Dra. Carla Jevoux é neurologista graduada pela Fundação Oswaldo Aranha/Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Tem especialização em Neurologia pelo Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas, do Hospital da Beneficência Portuguesa, no Rio de Janeiro, e mestrado e doutorado em Neurologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É membro da equipe do Centro de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça do Rio de Janeiro. www.carlajevoux.com.br