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A UNESCO aponta que em 2050 uma de cada cinco pessoas será idosa, e a sociedade evita enxergar como semelhante o idoso, não lhe sendo permitido exibir amor, ciúme, aptidão sexual e desejo. Saúde é a situação de bem-estar biopsicossexual, e não somente ausência de doenças. Se considerarmos climatério uma síndrome (conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma doença), não se pode negar que todas as mulheres são ou serão um dia doentes, o que seria um absurdo. Como doença é uma alteração orgânica que foge à norma, seria um contrassenso explicar climatério como um distúrbio de saúde. Mitos, tabus e variáveis individuais influem nesse portal de passagem que já foi associado à perda da identidade feminina.

A menopausa é um processo de transição que causa desorganização temporária de referenciais, com perdas e ganhos. Os impactos adequadamente aceitos e incorporados implicam no amadurecimento para a continuidade de uma vida sexual adaptada a novos padrões. No climatério normalmente o foco genital diminui, e valores como aspectos da vida, relações sociais, familiares e conjugais influem de maneira considerável.

É um período de maior vulnerabilidade para a exacerbação de transtornos psiquiátricos, particularmente quando existe histórico de quadros depressivos (quatro vezes maior nas mulheres do que em homens na terceira idade) e em mulheres com histórico de ciclos irregulares. A irregularidade hormonal apresentada durante o período do ciclo reprodutivo funcionaria como um gatilho na menopausa, agindo no sistema nervoso central – o maior órgão-alvo dos hormônios que modulam o comportamento.

Os níveis hormonais menores, concomitantes a medicamentos, tabagismo, sedentarismo e alimentação inadequada, podem reduzir o fluxo sanguíneo na pelve, diminuindo o estímulo venoso na fase de desejo, porém estudos demonstram que pacientes na faixa dos 60 e dos 70 anos sem uso de terapia de reposição hormonal, porém sexualmente ativas, apresentavam taxas hormonais maiores que aquelas sexualmente inativas.

A longevidade alcançada nas últimas décadas torna o sexo possível após a terceira idade e o erotismo torna mais lentas as modificações de envelhecimento do organismo, estimulando a criatividade intelectual e melhorando a autoestima, diminuindo depressões pelo aumento das serotoninas. Os transtornos do desejo sexual são fenômenos clínicos reais, constituindo essas síndromes entidades patológicas reais entre os idosos, pois adquirem importância devido à maior expectativa de vida. Além disso, a velhice está sendo redefinida em termos mais positivos, resultando na reivindicação de uma boa saúde sexual.

Paradoxalmente algumas drogas que permitem uma sobrevida melhor têm efeito devastador na libido, porém essas questões estão sendo equilibradas com uma melhor abordagem médica na terapia sexual e nos exames periódicos de controle hormonal.

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