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Quais são os benefícios psicossociais da reconstrução para a mulher?
Um estudo publicado pelo grupo da Universidade de Michigan avaliou o impacto do resultado estético pós-cirurgia conservadora da mama na função psicossocial e na qualidade de vida de pacientes com câncer de mama precoce. Em uma análise retrospectiva de quatro anos, envolvendo mais de 700 pacientes, foram avaliados alguns aspectos relacionados à qualidade de vida global, estigma do câncer, depressão, medo de recorrência e alteração na percepção da saúde. Nesse estudo, os autores observaram que pacientes com grave assimetria pós-operatória apresentaram piores índices de qualidade de vida e maior incidência de depressão do que as pacientes com mamas simétricas ou com assimetria leve. Ademais, os autores propõem que, na identificação precoce de assimetrias pós-operatórias, há a necessidade de acompanhamento psicológico e suporte com intuito de prevenção na redução da qualidade de vida. Dessa forma, a reconstrução parcial ou total torna-se importante e fundamental no tratamento global do câncer de mama e, sobretudo, no difícil processo de reabilitação psicossocial. Entende-se por qualidade de vida a percepção do indivíduo tanto de sua posição na vida, como em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
Como são os resultados dessas cirurgias? Eles costumam ser satisfatórios?
Sabe-se que, desde que bem indicadas e realizadas de maneira correta do ponto de vista técnico, os resultados em sua maioria são bem satisfatórios e com resultado estético muito próximo à mama contralateral. Fatores limitantes para a eficácia da cirurgia reconstrutora estão diretamente relacionados à extensão da cirurgia oncológica, como tumores maiores e com maior disseminação local, e à presença da radioterapia. Nessas situações, cada caso deve ser avaliado de maneira individual com objetivo de se adequar a melhor técnica e/ou momento da reconstrução com intuito de se auferir bons e seguros resultados estéticos. Ademais, um bom resultado na reconstrução está diretamente relacionado com a boa técnica realizada pelo cirurgião oncológico na retirada da mama. Assim, a adequada integração entre as equipes, quais sejam de mastologia e cirurgia plástica, torna-se fundamental para se obter um bom resultado estético.
Qual é o tempo de recuperação após uma cirurgia como essa? A mulher pode ter uma vida normal após o procedimento?
São procedimentos que não interferem de maneira mais intensa na reabilitação. É fato que procedimentos mais extensos, quais sejam o emprego de grandes retalhos, reconstruções bilaterais ou reconstruções em tumores mais avançados, implicam necessariamente em um tempo de recuperação mais longo e com terapias de reabilitação associadas. Apesar disso, de maneira geral, após 3 a 6 semanas a paciente está apta para a realização de suas atividades físicas e sociais habituais. Depois, a vida é totalmente normal, inclusive para as atividades físicas às quais ela já estava habituada. Em procedimentos menores, como reconstruções parciais da glândula mamária, o tempo de recuperação é significativamente mais curto e, em algumas situações, menor quando comparado a cirurgias estéticas da mama, como mamoplastias redutoras ou colocação de implante de silicone.
Dr. Alexandre Mendonça Munhoz: Cirurgião Plástico e Professor de Pós-Graduação do Hospital Sírio-Libanês, possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e residência em cirurgia geral e cirurgia plástica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Atuou como médico preceptor da Disciplina de Cirurgia Plástica da FMUSP e colaborador do Grupo de Reconstrução Mamária do HC-FMUSP. Nesse período, participou como coordenador científico da Liga de Cirurgia Plástica da FMUSP. Defendeu mestrado (2004) e doutorado (2006) em Cirurgia Plástica pela FMUSP, ambas as teses na área de cirurgia mamária e técnicas de reconstrução. Atuou como coordenador do Grupo de Reconstrução Mamária do HC-FMUSP de 2000 a 2009, onde desenvolveu pesquisas na área da cirurgia estética e reconstrutora nas deformidades congênitas e adquiridas da glândula mamária. É membro Especialista e Titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e atua desde 2002 como consultor internacional na área de cirurgia plástica da International Senologic Society (SIS). Desde 2009 exerce atividade como membro do corpo editorial das revistas Annals of Plastic Surgery e Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, além de revisor do periódico Plastic and Reconstructive Surgery. Em 2013 assumiu a Presidência da Comissão Nacional de Reconstrução Mamária da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (CNRM-SBCP) e a Regência do Capítulo de Implantes de Silicone da SBCP. Atualmente é professor de pós-graduação, nível docente pleno, para mestrado e doutorado no programa de pós-graduação sensu strictu (Capes Medicina I) do Hospital Sírio-Libanês.
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