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As mulheres que têm vaginismo conseguem ter relações sexuais?

É muito difícil, já que a contração muscular, aliada à resistência da mulher ao coito, acaba por impedir o ato sexual. Na minha experiência, algumas mulheres com vaginismo conseguem com muita dificuldade algumas relações muito rápidas, ainda que dolorosas, quando estão em relacionamento estável (casadas, por exemplo). A literatura fala em mulheres com vaginismo que têm excitação e prazer, embora essa não seja minha experiência em consultório. Não raro, observa-se também na clínica mulheres com vaginismo casadas com homens que sofrem de ejaculação precoce. Nesses casos, a relação não se consuma em função do problema dos parceiros.

 

Qualquer dor durante a relação sexual pode significar vaginismo?

Logicamente que não. Existem causas de dor na relação: infecções vaginais, endometriose, aderências pélvicas que não têm nada a ver com vaginismo. Ademais alguns desses problemas aparecem após vida sexual normal, o que não é muito comum no vaginismo. Além disso, a contração involuntária dos músculos vaginais é que é importante para caracterizar o quadro clínico do vaginismo.

 

Mulheres que sofrem de vaginismo têm dificuldades emocionais?

Sim. O vaginismo é um sintoma de conflitos emocionais. A configuração de cada caso é única, mas não é possível imaginar um quadro de vaginismo sem uma origem emocional. No entanto, cabe destacar que algumas mulheres convivem bem com isso, como poderiam viver bem com outros sintomas.

 

É possível adquirir vaginismo secundário? Por quê?

Em tese, sim, principalmente se considerarmos a ocorrência de um fato traumático na vida da mulher: luto do parceiro, estupro, etc., mas em geral ele é primário e se manifesta já nas primeiras relações sexuais. No caso de vaginismo secundário, teríamos que pensar como foi o enfrentamento da mulher diante do trauma; a intensidade, os recursos pessoais dessa pessoa, o grau de suporte social recebido do parceiro, de familiares ou até mesmo do analista. Nem todo trauma, mesmo nos casos de violência sexual, resulta necessariamente em dificuldades sexuais (falta de prazer, dor na relação, etc.), já que muitas mulheres conseguem superá-lo. O mesmo raciocínio se aplica ao surgimento do vaginismo. Penso que no caso de vaginismo secundário, em comparação com o vaginismo primário, o prognóstico do tratamento é melhor.

 

 

Alexandre Faisal é Doutor em Medicina Obstetrícia e Ginecológica pela Universidade de São Paulo, Mestre em Medicina Tocoginecológica pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e possui Pós-Doutorado pelo Núcleo de Epidemiologia do Hospital Universitário. É Presidente ds Sociedade Brasileira de Obstetrícia Psicossomática.

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