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Como é feito o tratamento?

O pilar do tratamento da fasciíte plantar é a terapia conservadora realizada por meio de medicamentos (anti-inflamatórios e analgésicos), fisioterapia diária e recursos de órteses plantares (palmilhas para suporte do arco plantar e correção do alinhamento valgo do calcanhar - pronação). O objetivo da maioria dos tratamentos conservadores é diminuir o sintoma de dor e a sobrecarga de força imposta à superfície inferior dos pés, principalmente, no calcanhar (calcâneo). Assim, quando o tratamento conservador não obtém sucesso, um percentual de 5 a 10% dos acometidos progride para tratamento cirúrgico, em que é realizada a liberação da fáscia plantar.

 

O uso de tênis com sistemas de amortecimento mais reforçados pode ajudar nesse sentido?

Ainda não existem respaldos de estudos científicos que abordem o efeito do amortecimento do tênis para melhora dos sintomas de dor e diminuição das sobrecargas de forças na sola dos pés de corredores com fasciíte plantar. No entanto, o tênis ainda é o recurso preventivo mais procurado pelos corredores com o objetivo de diminuir o surgimento da lesão. Apesar de existirem tênis específicos para determinados tipos de pisadas, como, por exemplo, pisada pronada, não existe suporte de evidências clínicas que demonstrem que eles proporcionam um melhor alinhamento do calcanhar e, consequentemente, diminuição de sobrecarga na sola dos pés em corredores com fasciíte plantar. Na realidade, em casos de fasciíte plantar, além do tratamento medicamentoso, um dos tratamentos conservadores de maior efeito clínico são as palmilhas e a realização da fisioterapia. A palmilha é um dos recursos que vêm ganhando evidência clínica cada vez maior. Elas promovem suporte de correção do apoio para os diferentes tipos de pés: cavo e plano e corrigem o alinhamento em valgo do calcanhar (pronação). A correção desses fatores é de grande importância por serem fatores de risco fortemente relacionados ao desenvolvimento da fasciíte plantar. A fisioterapia é outro recurso de grande importância para auxiliar no processo inflamatório e na diminuição da dor (crioterapia, ultrassom e laser) da fasciíte plantar, bem como na melhora funcional dos pés. Ela deve ser realizada sempre em conjunto com a utilização das palmilhas. O objetivo é manter a funcionalidade dos pés durante o repetitivo apoio dos pés no chão na corrida, de forma a melhor distribuir as forças na sola dos pés por meio da maior flexibilidade da fáscia plantar, ativação dos músculos dos pés e o correto movimento do calcanhar, principalmente, após a retirada do suporte mecânico passivo das palmilhas. Isso permite o retorno do corredor a sua atividade esportiva com maior segurança e funcionalidade dos pés, impedindo o novo surgimento da fasciíte plantar.

 

 

Dra. Ana Paula Ribeiro é fisioterapeuta com título de doutora em Ciências pelo programa de Fisiopatologia Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Mestre em Ciência pelo programa de Ciências da Reabilitação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atualmente, é pesquisadora e professora associada dos Laboratórios de Avaliação Musculoesquelética e Laboratório de Biomecânica da Locomoção Humana do departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São, e atua como Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Faculdade Metropolitana Unidas. Membro do corpo de revisores das revistas: American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, Journal of Foot and Ankle Research, Journal of Sport Sciences, Women's Health e Fisioterapia e Pesquisa. Título de Especialista em Reeducação Postural Global – RPG. Possui experiência em Fisioterapia, com ênfase nos seguintes temas: fotogrametria, postural corporal, antropometria dos pés, biomecânica da locomoção humana e da corrida, fasciíte plantar e aspectos fisiológicos e biomecânicos da gravidez.

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