Índice deste artigo:

Transtorno de Estresse Pós-TraumáticoO Transtorno de Estresse Pós-Traumático pode ser entendido como a perturbação psíquica decorrente e relacionada a um evento fortemente ameaçador ao próprio paciente ou sendo este apenas testemunha da tragédia.

De acordo com especialistas, no mundo, cerca de 15% dos pacientes não conseguem superar o Transtorno de Estresse Pós-Traumático, apresentando sintomas como ansiedade e depressão até três anos após o evento.

Para explicar melhor este transtorno, o Idmed convidou a médica Sara Mota Borges Bottino, que recentemente conduziu um estudo que relaciona o Transtorno de Estresse Pós-Traumático com o câncer de mama. Veja abaixo.

 

O que é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático?

O Transtorno do Estresse Pós-Traumático é uma síndrome psiquiátrica que ocorre em pessoas que foram expostas a eventos traumáticos graves, nos quais houve uma ameaça de morte ou de sofrimento grave para o próprio indivíduo ou de pessoas próximas. Esse transtorno foi descrito originalmente em sobreviventes de guerras e era chamado de “neuroses de guerra”. Entretanto, esse transtorno vem sendo observado em pessoas expostas a eventos traumáticos de diversas naturezas, além de guerra, tortura e combate militar, como em situações de violência urbana – como assaltos, sequestros, estupros –, acidentes naturais (quedas de barreiras, enchentes, desmoronamentos), automobilísticos e aéreos, e também em pessoas diagnosticadas com doenças graves como câncer, AIDS, infarto do miocárdio e AVC (acidente vascular), nas quais os pacientes podem avaliar como uma ameaça à vida, tanto imediata como também dirigida a um futuro próximo.

Segundo os modelos cognitivos de desenvolvimento do processamento da informação e condicionamento, diante de uma situação vivenciada como ameaçadora ou traumática, ocorre uma ativação da “rede de medo” na memória. A resolução do “trauma” acontece com sucesso quando a rede de medo é ativada, tornando possível o acesso de informações que são incompatíveis com o “trauma”. A integração dessas informações na rede de medo promove modificações nas estruturas da memória, com a correção e resolução da rede de medo.

No entanto, algumas características do evento traumático, como a gravidade, a imprevisibilidade e a impossibilidade de controle, podem levar às interrupções no processo cognitivo de atenção e memória, impedindo a integração das informações com as estruturas de memória existentes, resultando na formação de uma memória fragmentada. Dependendo da gravidade do estressor, o processo cognitivo de atenção e memória pode ser interrompido, levando à formação de uma memória fragmentada, dificultando a integração com as estruturas de memória. Os sintomas do Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) surgiriam quando as informações na rede de medo são incompatíveis com as estruturas de memória preexistentes.

Publicidade