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Quais são as características dessa síndrome?
Presença de sentimentos ambivalentes com relação ao agressor: amor e ódio, sentimentos de gratidão, negação ou tentativas de justificar a violência vivida, preocupação com o bem-estar ou o prazer do agressor. Isso pode ser facilmente qualificado pelas pessoas de convivência como uma atitude nobre e de compaixão com o agressor. Não se trata disso, mas de uma transformação fantasiosa e irracional do agressor em uma figura benevolente e sofrida. É mais suportável imaginar que se está à mercê de alguém que subjuga e fere porque sofreu injustiças ou qualquer outra justificativa do que perceber-se nas mãos de alguém que tem poder de vida e de morte sobre a vítima com a qual pode não ter qualquer tipo de empatia. É a internalização do agressor que permite essa transformação fantasiosa e coloca a pessoa em uma disposição empática com o agressor que a habilita a identificar os desejos e necessidades do mesmo para corresponder a eles. O afeto positivo, amoroso, de gratidão, de identificação ou mesmo erótico cria a liga final. É algo como: “Se eu estou viva, devo a minha vida ao agressor, que foi bom o suficiente em não me matar”. São dois processos que estão na base dessa síndrome: negação e o que chamamos de introjeção do agressor.
Pode aparecer associada a outros sintomas do Transtorno de Estresse pós-Traumático ou do Transtorno Dissociativo.
Quem pode desenvolver essa síndrome?
Pessoas que tenham uma história pregressa de relações abusivas são mais vulneráveis, mas, em tese, qualquer pessoa pode desenvolver esse padrão, dependendo da intensidade, da duração e das condições emocionais da pessoa na ocasião. Pessoas que viveram perdas recentes, separações, doenças prolongadas e outras circunstâncias que fragilizem suas respostas adaptativas a situações de crise. Alguns autores consideram que as mulheres podem estar mais predispostas a desenvolver essa síndrome nas relações interpessoais por aprendizado social de dar respostas de submissão.
Existe cura e tratamento?
Existe cura, sim. Obviamente que há necessidade da ruptura do padrão de relação abusivo se ele ainda estiver atuante, como nos casos de violência familiar. Quanto mais cedo foi feita a intervenção terapêutica, melhores as chances de não se cristalizar como um quadro psicopatológico, como os citados Transtorno de estresse pós-traumático e o Transtorno Dissociativo.
Dra. Claudia Sodré possui Doutorado e Mestrado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo. Atua como professora do Instituto Sedes Sapientiae e professora adjunta e supervisiora de estágio do curso de Psicologia das Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo.
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