Um medicamento que ainda está em fase de testes pode dar a cegos uma ótima notícia: a capacidade de perceber e "ver" a luz.
Um dos pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, sugere que uma droga poderá dar às células do olho (conhecidas como cones e bastonetes, e que são responsáveis pela percepção da luz) o poder de responder rapidamente à luz.
O olho é formado por camadas que incluem os bastonetes e cones. Outras camadas mantêm os bastonetes e cones vivos, além de passar os sinais elétricos produzidos pelas células sensíveis à luz para o cérebro.
Os cientistas se concentraram em um tipo de neurônio presente no olho, as células ganglionares da retina.
Para isso, eles desenvolveram um composto químico, chamado Denaq, que muda de forma em resposta à luz. Essa mudança de forma altera a química da célula nervosa e o resultado são sinais elétricos enviados ao cérebro.
Os testes mostraram que, ao injetar o composto químico nos olhos de camundongos cegos, os cientistas restauraram parcialmente a visão dos animais. Ocorreram mudanças no comportamento, mas não foi possível determinar o quanto os camundongos estavam enxergando. O efeito da droga acabou rapidamente, mas os camundongos ainda conseguiam detectar a luz uma semana depois da aplicação.
"São necessários mais testes em mamíferos maiores para avaliar a segurança do Denaq no curto e no longo prazo. Serão necessários vários anos, mas, se a segurança puder ser estabelecida, esses compostos poderão finalmente ser úteis para restaurar a sensibilidade à luz em humanos cegos", disse Richard Kramer, um dos pesquisadores.
"Ainda precisamos ver o quão perto vão chegar de restabelecer a visão normal", acrescentou.
Os cientistas esperam que a droga possa, no futuro, ajudar no tratamento de doenças como a retinite pigmentosa e a degeneração macular relacionada à idade.
Para Astrid Limb, do Instituto de Oftalmologia do University College de Londres, o conceito do Denaq "é muito interessante, poder estimular as células que restam" na retina.
A pesquisa dos cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley é mais uma de uma série de estudos que visa restaurar a visão em casos de cegueira, junto com pesquisas com células-tronco e manipulação de DNA para corrigir problemas genéticos que levem à perda da visão.
Fonte: BBC Brasil