Uma recente pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revelou que duas das dietas mais conhecidas da atualidade, a dieta de baixa caloria (hipocalórica) tradicional e a baseada no sistema de pontos, apresentam resultados muito próximos no que diz respeito à perda de peso em adolescentes obesos.
Segundo os resultados do estudo, que envolveu 66 jovens residentes na cidade de São Paulo, a redução de peso foi significativa e progressiva em ambas as dietas. No entanto, na dieta tradicional, o número de adolescentes que concluiu o tratamento foi considerado maior.
"Os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo que 31 foram submetidos a orientação de dieta hipocalórica tradicional (Grupo A) e 35 foram orientados a seguir o sistema de pontos (Grupo B)", explica a nutricionista e responsável pelo estudo, Mara Della Santa Dovichi Mendes.
Para fazer as observações, a pesquisadora optou por utilizar a variação de peso medida pelo escore Z do Índice de Massa Corporal (ZIMC). Essa variação foi avaliada durante seis meses em consultas quinzenais no primeiro mês e mensais a partir do segundo mês. "O estudo envolveu adolescentes de 13 anos de idade com ZIMC superior a 3, ou seja, apresentando um grau bastante acentuado de obesidade e circunferência abdominal", completa Mara.
Diferenças entre as dietas
Na dieta baseada no sistema de pontos, o primeiro passo foi estabelecer orientações qualitativas. Após isso, foi estipulado um limite diário de pontos a ser consumido, o que exigiu o preenchimento do registro de consumo alimentar diário, com quantificação calórica convertida em pontos, ou seja, um diário alimentar.
"O sistema de pontos é uma abordagem nutricional idealizada na década de 60 pelo professor Alfredo Halpern, da FMUSP, cujo foco central é flexibilizar a escolha dos alimentos, evitando a monotonia do cardápio. Cada paciente recebeu inicialmente uma tabela com pontos para cada alimento ou bebida, com cada ponto equivalendo a 3,6 calorias", explica a nutricionista.
Por outro lado, na dieta hipocalórica tradicional, após as orientações qualitativas, foi elaborado um plano alimentar na primeira visita. A partir daí, o consumo alimentar diário foi avaliado segundo um registro de consumo de três dias. Nele, o paciente foi orientado a preencher, em um formulário padrão, todos os alimentos e bebidas consumidos e suas quantidades no momento do consumo, sendo dois dias da semana alternados e um dia do final de semana, anteriores à consulta.
Apesar de ambas as dietas terem apresentado resultados bastante semelhantes na perda de peso, a nutricionista destaca a taxa de pacientes que concluíram o tratamento. "Ao final do estudo, a taxa de retenção, ou seja, de pacientes que concluíram o tratamento, foi de 80,64% na dieta tradicional e 54,29% no sistema de pontos. Possivelmente, a menor taxa de retenção no Grupo B se deve ao comprometimento de anotação diária dos pontos", afirma Mara.
Fonte: Agência USP