O slogan da campanha deste ano do Dia Mundial do Câncer, celebrado na terça-feira, dia 4 de fevereiro, é "Derrube os mitos!" e o objetivo da ação é disseminar conhecimento sobre os vários e diferentes tipos de tumores malignos e derrubar preconceitos a respeito da doença.

Segundo a campanha, o primeiro mito que precisa ser derrubado é o de que não se deve falar sobre o câncer. O segundo é de que a doença não tem sintomas ou sinais. E o terceiro é o de que não há nada que se possa fazer contra a doença.

De acordo com o coordenador de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Claudio Noronha, o desconhecimento é um dos maiores vilões na luta contra a doença, que, a cada ano, provoca cerca de 8 milhões de mortes no mundo.

"A falta de conhecimento e o medo causam verdadeiras barreiras para o tratamento. Por isso, o conhecimento é um elemento importantíssimo para o controle do câncer e essa campanha é muito válida", comentou.

Segundo o médico, metade dos casos de câncer pode ser evitada com mudanças no estilo de vida das pessoas, como é o caso do tabagismo. "Não é à toa que, no mundo todo, o câncer de pulmão é o mais frequente", disse ele, ao ressaltar que no Brasil, devido ao controle do tabagismo, esse tipo de câncer já não figura em primeiro lugar. "Muitas vezes, a pessoa não consegue fazer isso sozinha, mas é preciso buscar ajuda, buscar o serviço de saúde."

Outro fator de risco citado pelo médico é a obesidade, que pode ser prevenida com boa alimentação e atividade física. O câncer de pele é outro que pode ser evitado, com o uso do protetor solar. "Apenas 10% a 15% do total dos cânceres são de causa hereditária. A maior parte da incidência está ligada ao ambiente, ao estilo de vida", esclareceu. "São coisas que agridem seu organismo a vida inteira e você acaba perdendo a batalha para essa agressão."

O quarto e último mito abordado na plataforma da campanha é o de que muitos não têm direito a tratamento. A organização garante que todos têm esse direito, mas admite que, na prática, as injustiças sociais impossibilitam que milhões de cidadãos tenham acesso aos tratamentos por serem pobres.

No Brasil, os tipos da doença mais incidentes são na próstata, em homens, de mama, reto, cólon e colo do útero, nas mulheres. No caso da mama, há várias formas de prevenção, como vida saudável e exames periódicos, como a mamografia.

A ginecologista Maria José de Camargo, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, lembra que no caso do câncer de colo de útero cabe às mulheres se cuidar. Segundo ela, se as mulheres se cuidarem mais, o Brasil pode evitar 16 mil novos casos este ano, como prevê o Ministério da Saúde. Esse tipo de câncer é o terceiro mais frequente na população feminina, perdendo apenas para os de mama, cólon e reto.

"O câncer pode ser prevenido, se você tiver um bom rastreio. É de evolução muito lenta, pode levar mais de uma década, então se você identifica na mulher lesão pré-maligna, no preventivo, também conhecido como Papanicolau, e se essa mulher for bem avaliada e tratada, ela tem menos de 5% de chance de desenvolver o câncer de colo de útero. Se a mulher não se tratar, as chances de cura são 30%", disse a ginecologista.

Para o professor associado de cirurgia do aparelho digestivo do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Ulysses Ribeiro Júnior, o preconceito é outro fator negativo para a prevenção. "No caso de câncer de cólon, hoje muito frequente na nossa população, todo indivíduo com 50 anos de idade deveria fazer um exame de sangue oculto nas fezes e, a partir dos casos positivos, uma colonoscopia, mas a população tem medo, tem vergonha e isso atrapalha", comentou, ao lembrar que esse tipo de câncer é o quarto mais comum entre os homens. "Às vezes, não basta o conhecimento. O indivíduo sente uma dorzinha e vai deixando até ficar no estágio avançado e o tratamento é muito mais agressivo", completou.

 

Fonte: Agência Brasil

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