Uma pesquisa realizada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP traçou um novo perfil de crianças com necessidades especiais e que são dependentes de tecnologias de saúde. Em tempos anteriores, os pequenos pacientes ficavam restritos ao ambiente hospitalar para o uso de sondas, traqueostomia ou oxigênio, mas hoje podem ser cuidados em suas próprias casas.

"Conhecer o perfil dessas crianças é importante para ampliar a visibilidade dessa clientela nas taxas oficiais e nas políticas públicas de forma a assegurar uma assistência qualificada e integral", afirma a enfermeira e pesquisadora Aline Cristiane Cavicchioli Okido, que acompanhou 102 crianças dependentes de tecnologias visando compreender a experiência do cuidado a partir da vivência das mães.

Para realizar o seu estudo, Aline procurou dividi-lo em duas etapas. Na primeira, foi traçado um perfil dos pacientes de acordo com o sexo, a idade, as condições do nascimento, a origem da necessidade especial de saúde e as demandas de cuidados. Na segunda etapa, foram realizadas entrevistas domiciliares com 12 mães a fim de tentar compreender a experiência do cuidado, que envolve uma reorganização da dinâmica familiar e dedicação integral.

"Avaliamos também, entre outros aspectos, a rede de cuidados disponível em Ribeirão Preto para atendimento destas crianças e o impacto do cuidado domiciliar, após alta hospitalar, nas relações familiares, as dificuldades no que se refere ao manejo dos dispositivos tecnológicos e o papel da enfermagem neste contexto", explica Regina Aparecida Garcia Lima, professora e orientadora do estudo.

Segundo o levantamento, a maior parte das crianças com necessidades especiais de saúde, dependentes de tecnologia, tem entre 1 e 4 anos. Destas, 57% são do sexo masculino; 7,8% das mães não fizeram pré-natal; 96% nasceram em instituições hospitalares e 63,7% de parto cesárea, sendo que a prematuridade ocorreu em 29,3%.

Com relação à origem das necessidades especiais, 65,7% das crianças possuíam problema congênito. Por outro lado, 30,4% delas tiveram intercorrências no parto e/ou no período neonatal e 30,4% apresentaram problemas ao longo da vida.

Ainda de acordo com o estudo, a fisioterapia foi considerada a principal aliada na melhora da qualidade de vida das crianças com disfunções neuromotoras, sendo realizada por 65,7% das crianças.

 

Fonte: Agência USP

Publicidade