Em pesquisas científicas na área da saúde, é comum ouvirmos falar da utilização de ratos e camundongos em testes. No entanto, essa é uma realidade que poderá deixar de acontecer muito em breve no Brasil, mais especificamente no Instituto Butantan, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e maior centro de pesquisas biomédicas da América Latina.
Por meio de um projeto inovador desenvolvido no instituto, será possível "aposentar" os ratos de laboratório em pesquisas científicas. No novo modelo, a ideia é utilizar o "Peixe Paulistinha", que irá substituir os camundongos ou, em alguns casos, complementar os estudos, o que traria redução nos custos.
"O projeto é um grande avanço para a ciência. Além de ser bastante funcional, contribui drasticamente para a redução dos custos das pesquisas e armazenamento dos animais", explica a pesquisadora responsável pelo criadouro do Instituto Butantan, Mônica Lopes Ferreira.
Conhecido como Zebrafish, o peixe poderá ser utilizado em pesquisas de diferentes áreas, como manipulação genética, tumores, psicologia, toxicológicos, agentes terapêuticos e regeneração de tecidos, além de trazer outros benefícios que não estão apenas relacionados à redução de custos.
"Outro aspecto importante é a presença de elementos de imunidade inata, quando a resposta imune é independente de antígenos e acontece de maneira imediata e máxima", completa a pesquisadora.
O principal motivo da escolha do Zebrafish para as pesquisas é o fato de ele ser um animal de pequeno porte e a sua alta taxa reprodutiva, semelhante à dos mamíferos. Além disso, seus embriões são transparentes, sua prole é numerosa e o desenvolvimento é rápido, características que são importantes para o andamento dos estudos.
Ainda sem previsão para a implantação, o modelo inovador com peixes está em fase avançada no Instituto Butantan. No local, já foi instalada a estrutura para o funcionamento do criadouro, com capacidade para até 1,5 mil peixes.