Testes realizados na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) constataram que uma dieta com restrição de lactose foi a responsável pela melhora de pacientes portadores da Síndrome do Intestino Irritável (SII).

A doença é psicossomática, ou seja, não tem causa anatômica específica, mas é reflexo de perturbações no organismo, como o estresse, a ansiedade e possíveis infecções anteriores. Ela afeta até 25% da população brasileira e, dentre eles, de 70% a 80% possuem alguma intolerância alimentar.

A pesquisa, realizada pela nutricionista Marília Pinheiro César, englobou dois grupos de pacientes, ambos portadores de SII, sendo que um grupo possuía também o diagnóstico de má digestão de lactose. Segundo Marília, o estudo teve como principal objetivo "avaliar se a dieta com restrição de lactose gera melhora dos sintomas em todos os pacientes com SII ou somente naqueles que possuem má digestão de lactose diagnosticada".

No total, 81 pacientes participaram da pesquisa e todos eles fizeram o exame para diagnosticar a má digestão da lactose. Logo depois, foi aplicada uma dieta com restrição de lactose para todos os envolvidos na pesquisa e, com isso, foi possível avaliar se houve alguma melhora com a inserção da dieta. O acompanhamento médico dos pacientes foi capaz de comprovar que ambos os grupos com SII, tanto os com má digestão de lactose como os que digeriam a lactose, obtiveram algum tipo de melhora com a dieta de restrição de lactose. "O que me surpreendeu foi o fato de que todos os pacientes melhoraram com a dieta com restrição de lactose, o que provavelmente defende o fato de serem outros componentes do leite que não a lactose que causem melhora nesses pacientes, ao serem retirados", comenta Marília.

Causas da doença

Os sintomas da SII são cólicas que passam e voltam, gases que provocam distensão do abdômen, crises alternadas de diarreia e prisão de ventre e sensação de que o intestino não foi plenamente esvaziado após a evacuação.

Entre as possíveis causas da SII, estão as ineficiências nos movimentos intestinais ou o intestino pode sofrer com sensibilidade no alongamento. O seu diagnóstico depende da exclusão de outras doenças que possuem causas aparentes. "O portador da SII quase sempre possui algum tipo de intolerância alimentar", afirma a nutricionista.

Portanto, é de extrema necessidade que a SII seja tratada de forma adequada e de acordo com as tolerâncias do paciente, sem restrições alimentares muito rígidas, que podem provocar deficiências de nutrientes importantes. "Trata-se de um estudo de importância no cenário brasileiro contemporâneo", considera a nutricionista.

Marília iniciou sua pesquisa em 2010, pensando em "melhorar a qualidade de vida e o tratamento dietoterápico aplicado aos pacientes com SII". A pesquisa contou com a orientação de Adérson Omar Mourão Cintra Damião.

 

 

Fonte: Agência USP

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