Que fumar cigarro ativamente aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) é conhecido e estabelecido há bastante tempo. Contudo, um estudo recente, que levou em consideração diversos trabalhos anteriores, mostrou que o fumo passivo também é um fator de risco significativo para AVC.
Neste estudo, conhecido como metanálise, os pesquisadores da Universidade de Glasgow avaliaram 20 trabalhos elegíveis com um total de quase 900 mil participantes e viram que cerca de 6 mil (0,7%) sofreram AVC.
Além disto, observaram que a chance de ter AVC era dose-dependente, ou seja, quanto mais exposição às substâncias tóxicas do tabaco, maiores as chances que indivíduos fumantes passivos tinham de desenvolver AVC, sugerindo uma forte relação de causa e efeito entre o fumo passivo e o risco de AVC.
Finalmente, e talvez esta seja a pior notícia, mesmo em quantidades pequenas de cigarro, como exposição a 5 cigarros/dia, aumentou significativamente o risco de AVC em fumantes passivos.
Logo, todo cuidado é pouco e não é à toa que políticas públicas de saúde têm colocado em questão, inclusive na esfera jurídica, os espaços reservados e isolados para tabagistas, longe dos não fumantes.
No dia 29 de agosto, Dia do Combate ao Fumo, a conscientização sobre o direito de fumar tem de levar em conta muito mais do que os prejuízos diretos à saúde do fumante, mas também daqueles que nunca colocaram um cigarro na boca e estão em risco de diversos problemas como o AVC.
Dr. André Felício, CRM 109.665, neurologista, doutorado pela UNIFESP/SP, pós-doutorado pela University of British Columbia/Canadá e médico pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein/SP.