Um idoso pode ter até 3,7 vezes mais chances de desenvolver desnutrição em relação a um adulto. É o que indica uma pesquisa realizada pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, que analisou 950 pacientes, acima de 18 anos de idade, entre homens e mulheres, internados no Serviço de Cardiologia do Hospital do Servidor Público Estadual.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados sobre peso e altura para determinar o Índice de Massa Corporal (IMC) dos idosos, segundo as especificações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os resultados apontaram que 46,3% dos casos tinham risco de desnutrição, sendo que nos idosos o risco foi de 53% e nos adultos 23%.
De acordo com a nutricionista do Serviço de Nutrição e Dietética do Hospital do Servidor, Erica Moura Fernandes, a chance maior de desnutrição em pacientes idosos pode ser explicada pelo fato de que eles costumam desenvolver problemas de coração a partir dos 60 anos.
"São vários fatores que interferem no aparecimento da desnutrição, como baixa ingestão de alimentos, complicações relacionadas a doenças cardiovasculares, idade avançada e perda de peso involuntária", afirma Erica.
A nutricionista aponta outras possíveis causas, como o fato de muitos idosos viverem sozinhos e serem responsáveis por preparar e comprar o próprio alimento, além da falta de dentes e de próteses. "Com a dificuldade para mastigar, o idoso não come carne, fonte importante para a boa qualidade nutricional. Normalmente, idosos também tomam muitos remédios o que altera seu paladar, diminuindo a vontade de comer", completa.
Por fim, a especialista enumera fatores que também podem ser decisivos, como a viuvez, que leva muitos idosos a um quadro de depressão e falta de apetite, assim como a queda da capacidade cognitiva e o baixo poder aquisitivo, já que muitos aposentados recebem um benefício baixo e que é incompatível com as suas necessidades.
Cuidados especiais com cardiopatas
Quando chegam ao hospital para receber tratamento, os pacientes idosos e cardiopatas estão geralmente muito debilitados, segundo a nutricionista, o que exige uma dieta bastante diferenciada. "Normalmente os cardiopatas chegam a enfartar ou a ter complicações, porque não têm uma alimentação adequada. Quando chegam ao hospital são submetidos a uma dieta diferente, com pouco sal e restrições, o que interfere na aceitação alimentar", relata.
A cardiopatia, além de provocar uma má absorção de nutrientes, exige que o paciente precise de mais energia para digerir os alimentos, o que gera um quadro de hipermetabolismo. Para combater o problema, é necessário identificar a desnutrição assim que o paciente chega ao hospital e, a partir daí, é estabelecida uma dieta adequada.
Fonte: Agência Brasil