Um estudo recém-publicado pela Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, indica que mães que amamentam seus filhos têm um risco menor de desenvolver Alzheimer. A pesquisa também indicou a possibilidade de haver uma ligação mais ampla entre os dois fatores, já que amamentar pode atrasar o declínio da condição cognitiva da mulher.
Segundo o estudo, alguns efeitos biológicos da amamentação podem ser responsáveis pela redução do risco de se desenvolver a doença.
Para realizar o estudo, os pesquisadores estabeleceram três comparações hipotéticas, entre mulheres que amamentaram e outras que não amamentaram ou amamentaram por menos tempo, e com isso verificaram as reduções potenciais de até 64% no risco de as primeiras desenvolverem Alzheimer em relação às segundas.
Porém, eles advertem que não é possível quantificar com exatidão a redução potencial do risco da doença, por conta do grande número de variáveis envolvidas, como tempo de amamentação, histórico de saúde da mulher, número de gravidezes e casos de Alzheimer na família, entre outras.
Uma das teorias levantadas pelos pesquisadores de Cambridge afirma que amamentar priva o corpo do hormônio progesterona, para compensar os altos níveis de progesterona produzidos durante a gravidez. Esse hormônio é conhecido por dessensibilizar os receptores de estrogênios no cérebro – e o estrogênio tem um papel importante na proteção do cérebro contra o Alzheimer.
Outra teoria se baseia no fato de que amamentar amplia a tolerância da mulher à glicose, restaurando sua tolerância à insulina após a gravidez, um período em que há uma redução natural da resistência à insulina.
E o mal de Alzheimer é caracterizado justamente pela resistência à insulina no cérebro (e consequentemente à intolerância à glicose), tanto que o mal de Alzheimer algumas vezes é chamado de diabetes tipo 3.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa analisou 81 mulheres britânicas entre 70 e 100 anos, incluindo mulheres que sofriam ou não desse tipo de demência. O fato de terem estudado um grupo pequeno de mulheres, segundo os pesquisadores, não interfere no resultado da pesquisa, dados os fortes indícios da correlação entre amamentar e os riscos de se desenvolver Alzheimer. Eles disseram, no entanto, que a conexão entre os dois fatores foi bem menos presente em mulheres que já tinham um histórico de demência na família.
Com base nos dados coletados com as mulheres estudadas, os pesquisadores formularam três casos hipotéticos para indicar o potencial de redução do risco de Alzheimer pela amamentação:
Na comparação de duas mulheres idênticas, uma que tivesse amamentado por 12 meses teria um risco 22% menor da doença em relação à outra que amamentou por 4,4 meses.
No segundo, uma mulher que tenha amamentado por oito meses após uma gravidez teria um risco 23% menor do que uma mulher em condições idênticas, mas que tenha amamentado por seis meses após três gestações.
No terceiro caso, a redução verificada foi de 64% para uma mulher que tenha amamentado em relação a outra idêntica que não tenha amamentado.
A pesquisadora Molly Fox, que conduziu o estudo junto com os professores Carlo Berzuini e Leslie Knapp, disse esperar que a pesquisa sirva para estimular outras sobre a relação entre o risco de doenças e o histórico reprodutivo de mulheres, além de servir de incentivo para mais mulheres amamentarem – algo que muitas pesquisas já comprovam que traz benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê.
Fonte: BBC