O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, unidade da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, divulgou na última semana uma pesquisa sobre tatuagens. De acordo com o órgão, a maioria dos estúdios de tatuagem e body piercing da capital paulista coloca em risco não apenas a saúde dos seus clientes, mas também dos próprios tatuadores e da população.

Para chegar à conclusão, a pesquisadora Clementina Isihi fez um levantamento que mapeou 71 estúdios. O estudo serve de alerta para as pessoas que procuram os serviços de tatuadores e perfuradores corporais que fazem parte do grupo de risco de contaminação por hepatites virais e que não adotam os cuidados básicos de higiene e biossegurança.

Segundo Clementina, apenas 35% dos profissionais pesquisados estavam protegidos contra a hepatite B, ou seja, tomaram as vacinas necessárias para a imunização contra o vírus. A pesquisa apontou ainda que 87% dos tatuadores tinham conhecimento do risco de contrair hepatite trabalhando.

"Eles sabiam do risco, mas mesmo assim não se preocupam com a saúde deles e nem a dos seus clientes. A vacina é o ponto de partida para a prevenção, mas o principal ímpeto está na falta de cuidado dentro dos estúdios", esclarece a enfermeira e pesquisadora.

 

Higiene e biossegurança

Outro dado preocupante da pesquisa diz respeito à higiene. De acordo com o levantamento, 70% dos profissionais lavaram as mãos antes ou depois dos procedimentos sem as técnicas adequadas de desinfecção, enquanto 26% não chegaram a fazê-lo de forma alguma. Por isso, segundo o orientador do estudo, o infectologista Roberto Focaccia, os riscos de transmissão de doenças acabam indo além das hepatites virais.

"A lavagem de mão inadequada ou a ausência dela é algo gravíssimo, que aumenta a probabilidade de transmissão de vírus, bactérias e fungos", destaca Roberto.

Além da falta de higiene, procedimentos de biossegurança são negligenciados pela maioria. No estudo, foi possível verificar que 83% dos estabelecimentos analisados não solicitam à prefeitura coleta para resíduos sólidos de saúde. Com isso, o lixo acaba sendo tratado como comum e põe em risco a saúde de lixeiros e catadores de materiais recicláveis.

"Apenas 42% dos pesquisados tinham o curso de biossegurança. Isso significa que a maioria deles não tem noção básica de cuidados com materiais perfurantes, e colocam em risco não só a saúde deles, como a de toda a comunidade", ressalta o infectologista.

 

Fonte: Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo

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