Com a chegada da velhice, é muito comum ouvir algumas pessoas reclamarem que a sua memória anda fraca. Porém, de acordo com uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina (FM) da USP, é possível aumentar o desempenho em testes de memória, atenção e velocidade de processamento de informações após a realização de treinos de cognição, independente da condição clínica do idoso.
Realizado pela gerontóloga Paula Schimidt Brum, o estudo utilizou dois métodos de treino para entender como idosos saudáveis ou com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) respondiam a eles: grifos para recordar textos e categorização para a famosa lista de compras de supermercado.
"O objetivo do treino de memória era ensinar estratégias para que os participantes pudessem utilizá-las no cotidiano. A estratégia ajuda o participante a memorizar determinada informação, facilitando sua recordação mesmo a longo prazo", afirma Paula.
O Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) é um estado clínico em que a pessoa apresenta prejuízos em uma ou mais habilidades cognitivas, como raciocínio, atenção, memória e velocidade de processamento de informações. Após os testes, no entanto, a pesquisadora relatou benefícios generalizados tanto para idosos saudáveis como para aqueles diagnosticados com o CCL.
Procedimentos do estudo
Para realizar suas observações e análises, a gerontóloga contou com a colaboração de 61 idosos, todos com escolaridade acima de oito anos. Divididos em dois grupos (saudáveis e com CCL), eles ainda foram categorizados em quatro subgrupos.
"Dessa forma tínhamos, separadamente, idosos saudáveis que fizeram treino de memória, idosos saudáveis que não fizeram treino de memória, idosos com CCL que fizeram treino de memória e idosos com CCL que não fizeram treino", explica a pesquisadora.
Os primeiros resultados do estudo surgiram após a realização de três avaliações: o pré-teste, feito antes do início dos treinos; o pós-teste, realizado um mês e uma semana depois; e uma última sondagem, realizada seis meses após a última avaliação a fim de analisar os efeitos da manutenção ou não do treino.
"Os idosos que fizeram treino realizavam o pré-teste e faziam oito sessões de treino de memória, que aconteciam duas vezes por semana, totalizando um mês. Na semana seguinte faziam o pós-teste, que continha os mesmos testes realizados no pré-teste, porém com versões diferentes. Este mesmo grupo, após seis meses sem realizar treino de memória, voltava e realizava uma última avaliação, chamada de avaliação de manutenção", descreve Paula.
Por fim, a pesquisadora revela sua crença de que o treino é uma forma eficiente de prevenir várias doenças relacionadas à memória na terceira idade, melhorando a qualidade de vida dessa parte da população.
Fonte: Agência USP