O arroz é, certamente, um dos itens mais consumidos na alimentação diária do brasileiro, assim como o feijão. O que poucos sabem é que esse grão, quando não submetido a um controle de qualidade eficaz, pode apresentar concentrações de arsênio acima do tolerável.
O alerta sobre a qualidade do nosso arroz vem diretamente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), onde um estudo foi desenvolvido sobre o tema. "Tal concentração elevada pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como o câncer", afirma o farmacêutico bioquímico e autor da pesquisa, Bruno Batista.
Para chegar a essa conclusão, o pesquisador analisou diversas variedades de arrozes consumidos no país, entre eles o integral, o branco e o parboilizado, que, traduzido do inglês, significa "parcialmente fervido". A partir das observações, Batista verificou concentrações expressivas de arsênio, inclusive semelhantes àquelas encontradas em países com solos contaminados com o elemento químico, como os Estados Unidos, Índia, Bangladesh e China.
"Decidimos fazer a especiação química destes grãos, verificando que, em média, nossos grãos possuem ao redor de 40% do arsênio presente nas formas orgânicas, MMA e DMA, e 60% nas formas inorgânicas, As3+ e As5+, sendo que a AsB, dita não tóxica, não foi encontrada, similar ao encontrado por outros pesquisadores em outros países", completa o pesquisador.
Apesar dos números alarmantes, Bruno ressalta que a sua pesquisa trata da ingestão, e não da absorção do arsênio presente no arroz pelo intestino. Além disso, o pesquisador relembra que, durante os experimentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a realizar consulta pública para a concentração máxima de 300 microgramas de arsênio por grama do grão.
Fonte: Agência USP