A importância do aleitamento materno para a saúde do bebê é mais do que reconhecida e garantida por uma infinidade de estudos sobre o tema. No entanto, uma nova pesquisa que aborda os aditivos de leite materno, que têm o objetivo de aumentar a quantidade de nutrientes para recém-nascidos com menos de 1,5 kg, pode mudar algumas perspectivas.
Segundo o estudo in vitro desenvolvido pela nutricionista Letícia Fuganti Campos, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), a aplicação ao leite materno de aditivo suplementado com ferro na concentração de 0,28 miligrama (mg) por grama (g) de aditivo diminui a proteção contra infecções por bactérias, como a Escherichia coli.
E por que isso ocorre? De acordo com a pesquisa, o leite materno possui uma proteína chamada lactoferrina, que se liga a íons de ferro presentes na secreção. Quando são adicionados aditivos, o ferro não fica disponível em grande quantidade, prejudicando a ação dos patógenos responsáveis por combater a ação das bactérias.
"O leite materno é o alimento ideal para ser ofertado ao recém-nascido. Entretanto, devido à necessidade nutricional aumentada deste grupo, o aditivo de leite materno pode ser utilizado no ambiente hospitalar", ressalta Letícia.
Desenvolvimento do estudo
Tema da dissertação "A influência da aditivação do leite humano no crescimento bacteriano in vitro", orientada pelo professor Mário Cícero Falcão, a pesquisa de Letícia observou amostras de colostro, designação do leite produzido até o sétimo dia após o parto. Na análise, foi testado o crescimento de três bactérias separadamente: Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.
Ao comparar os resultados do colostro puro e do colostro aditivado com leite humano suplementado com ferro, Letícia verificou que houve uma diferença significativa do crescimento de micro-organismos para a Escherichia coli. Apesar disso, ela acredita que são necessários mais estudos para verificar qual é a quantidade de ferro que interfere na ação da lactoferrina em inibir o crescimento bacteriano.
"A alimentação do bebê com leite materno é vantajosa porque, além de desempenhar função imunológica, promove equilíbrio da microbiota intestinal. A colonização ideal promovida repercute em toda a vida, mesmo após o período da amamentação. O ideal para isso é a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses", destaca a nutricionista, sobre a importância da amamentação.
Fonte: Agência USP