Um levantamento feito pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, chama a atenção para um tema que ainda é considerado tabu para muitas mulheres brasileiras: a falta de libido.
Divulgado na semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher (8), o estudo revelou que o problema é o responsável pelo maior número de queixas no Ambulatório de Sexualidade da Ginecologia do HC, chegando a 65%.
Por mês, o HC registra a entrada de 150 a 200 pacientes no ambulatório. Além das queixas quanto à libido, o levantamento verificou que 23% das mulheres procuram o local para reclamar da ausência de orgasmo (anorgasmia), enquanto 13% delas sofrem com a contração involuntária dos músculos próximos à vagina, também chamada de vaginismo.
"São mulheres que procuram a clínica em busca de um medicamento, uma fórmula mágica para o problema, cuja prevalência independe da idade e do extrato social", explica a sexóloga do Hospital das Clínicas, Elsa Gay.
O tratamento
Na grande maioria dos casos estudados no ambulatório, a falta de interesse pelo sexo está relacionada a fatores emocionais, sendo que o principal motivo apontado é a rotina monótona do casamento. Levando em conta esse fator, um dos tratamentos adotados é a terapia cognitivo-comportamental em grupo.
De acordo com a sexóloga, o tratamento leva aproximadamente oito semanas e busca fazer com que a mulher invista no relacionamento e trabalhe a sua sexualidade. A partir daí, a paciente começa a conhecer o seu corpo, além de comunicar-se e negociar com o seu parceiro sexual a fim de evitar o sexo apenas por obrigação. "A menopausa não é justificativa para a perda de libido", completa Elsa.