Um estudo desenvolvido na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP revelou que adolescentes obesos possuem maior atividade da enzima Lp-PLA2 no organismo, um indício que pode representar maior risco cardiovascular em comparação com outros jovens de peso considerado normal.

De acordo com a pesquisa da nutricionista Isis Tande da Silva, os jovens obesos analisados também apresentaram menores concentrações de vitaminas A (betacaroteno) e E (alfatocoferol), que possuem ação antioxidante. Segundo a pesquisadora, tais resultados comprovam a necessidade da adoção de novas políticas de orientação a fim de melhorar os hábitos alimentares dos adolescentes.

"A ação da Lp-PLA2 ainda não é totalmente conhecida, mas existem estudos que mostram sua maior concentração e atividade em casos de eventos cardiovasculares, como o infarto", afirma Isis.

Para realizar o estudo, Isis e o seu grupo de pesquisa, coordenado pela professora Nágila Raquel Teixeira Damasceno, da FSP, realizaram uma avaliação nutricional em mais de 2.500 adolescentes de 10 a 19 anos de cinco escolas públicas da cidade de São Paulo. Durante o processo, foram selecionados 242 jovens, que foram divididos em três grupos: eutróficos (saudáveis), com sobrepeso e obesos.

"A taxa de adolescentes com excesso de peso encontrada foi similar à apresentada na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, que foi de 21,5%", aponta a pesquisadora.

No processo de análise, Isis revela ainda que não foram utilizados apenas exames de sangue, mas também medidas antropométricas, como altura, peso, percentual de gordura corporal e medida da cintura, além de recordatórios alimentares em que os estudantes participantes revelavam seus hábitos alimentares.

 

Colesterol e diabetes

As amostras de sangue coletadas para a verificação da atividade da enzima Lp-PLA2 no plasma revelaram outros dados preocupantes, como os índices de colesterol, glicose, insulina e antioxidantes plasmáticos.

"Eles [jovens obesos] possuíam ainda menores concentrações de colesterol HDL, importante para a proteção cardiovascular, parâmetro que também se mostrou baixo em alguns jovens saudáveis", conta a pesquisadora.

Sobre a carência de vitaminas A e E, Isis constatou que os hábitos alimentares dos adolescentes são ruins não apenas em adolescentes com sobrepeso ou obesos, mas também nos jovens considerados saudáveis, que abusam das frituras e deixam de lado as frutas e legumes.

 

Fonte: Agência USP

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