A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) lançou, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceria com outros três países e duas universidades brasileiras, o primeiro portal brasileiro especializado em saúde eletrônica destinado a pessoas que fazem uso de álcool. Pelo www.informalcool.org.br, as pessoas terão acesso a dados sobre o alcoolismo e à ferramenta Bebermenos, um programa de interação com o internauta que mostra a importância de descobrir cedo o abuso no consumo de álcool por usuários de risco e ainda permite a criação de metas para diminuir ou parar com a bebida.
A saúde eletrônica é o uso da tecnologia digital para oferecer serviços como arquivos eletrônicos de pacientes, telemedicina, dados de consumo de medicamentos, equipes de saúde virtuais e dispositivos móveis para coletar e acessar dados do paciente.
De acordo com a chefe do departamento de Psicobiologia da Unifesp, Maria Lucia Formigoni, o uso abusivo do álcool pode acarretar diversos problemas, como cirrose hepática, anemias, hipertensão, câncer de vários tipos, doenças neurológicas e malformações de feto. Por ano morrem no mundo 2,5 milhões de pessoas por complicações causadas pelo álcool. Maria Lucia destacou que as pessoas têm começado a beber cada vez mais cedo e é justamente esse público que o site quer priorizar.
"O programa contido no site é para todos e gratuito, mas queremos chamar a atenção dos mais jovens, que usam o computador e as redes sociais com frequência e não querem ficar estigmatizados, por isso não procuram ajuda profissional. Atualmente, temos campanhas de prevenção e projetos de tratamento, mas nada que busque as pessoas nessa faixa intermediária, que é a de quem está começando a beber", disse.
No site, o usuário pode preencher um questionário, sem precisar se identificar, que vai determinar em qual estágio ele está. Dependendo do resultado, é encaminhado ao programa de autoajuda, que tem duração de seis semanas. O programa exige que o próprio usuário responda sobre vantagens e desvantagens de continuar a beber, seus gostos e frequência com que bebe, e apresenta gráficos com esses dados e metas, para que ele diminua ou pare com a bebida.
"A proposta é que a pessoa entre sempre no site para interagir e ver como está. Também é possível interagir com outros atendidos e trocar experiências por meio de um fórum moderado por um profissional da saúde. Há ainda informações para familiares sobre como lidar com a situação, explicações para os pais sobre como abordarem e orientarem os filhos."
Não é preciso ser médico ou profissional da saúde para utilizar o site e, segundo Maria Lúcia, na Holanda, onde o site começou a ser usado, foi verificada uma redução de 17% no consumo e um aumento de quatro vezes nas chances de parar definitivamente de beber. "O site se adapta a situações culturais e hábitos de cada país." O portal está em fase de avaliação e teste, mas a expectativa é que esteja funcionando plenamente no início do ano que vem.
Fonte: Agência Brasil