Um levantamento realizado no Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo (antigo Hospital Brigadeiro), unidade da Secretaria de Estado da Saúde na capital paulista, mostra que o uso de pílula anticoncepcional por mulheres fumantes pode aumentar expressivamente as chances das mulheres desenvolverem trombose.
O estudo foi elaborado com base nos atendimentos ambulatoriais do ano passado. No total, 400 mulheres entre 20 e 45 anos com trombose venosa foram acompanhadas e 45% fumavam e também usavam o método contraceptivo. As pacientes que não faziam uso de nenhuma das substâncias corresponderam a 6% do total. As demais 197 usuárias que desenvolveram o problema apresentavam também outros fatores de risco, mas também já tinham tido contato com o fumo e a pílula anticoncepcional em algum momento.
Trombose venosa profunda - Ela ocorre quando há formação de um coágulo sanguíneo em uma veia do interior do corpo. "É como se o sangue formasse uma 'rolha' no vaso sanguíneo e não deixasse o sangue circular", explica a médica hematologista Denise Zahr.
Os hormônios dos anticoncepcionais, como o estrógeno e a progesterona, alteram a circulação e aumentam os fatores de coagulação do sangue, por isso as chances de desenvolvimento de coágulos nessas veias profundas são maiores. De maneira geral, o problema pode estar associado a alterações genéticas, mas é relacionado, principalmente, às dislipidemias (hipertensão arterial e colesterol) e a fatores de risco como a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo.
"Este efeito colateral da pílula é informado na bula do medicamento, mas nem sempre as mulheres são bem orientadas pelos especialistas. A combinação do uso do anticoncepcional com o cigarro ou mesmo a um dos fatores de risco para trombose funciona como uma bomba para o organismo. É extremamente importante que o médico conheça bem a história de sua paciente antes de receitar qualquer tipo de medicação, além de acompanhar de perto o tratamento", ressalta Denise.
Somente especialistas podem indicar o melhor método de prevenção para cada mulher, conforme sua idade, histórico familiar e condição financeira. Além da pílula, existem outros contraceptivos, como o dispositivo intrauterino (DIU). "Realizar caminhadas e exercícios físicos regularmente, consumir uma dieta equilibrada, evitar a automedicação e abandonar o cigarro são maneiras seguras de evitar a trombose", finaliza a especialista.
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo