O Conselho Federal de Medicina (CFM) declarou ontem (12) apoio às iniciativas que possam melhorar a qualidade da formação de estudantes de medicina. Uma das medidas destacadas é a do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), que aplica há oito anos provas aos formandos antes da concessão do registro profissional.
A partir de 2012, o teste de avaliação dos formandos de medicina passou a ser obrigatório. Porém, na última edição, realizada no domingo (11), parte dos estudantes que discordavam da exigência e do modelo de prova optou pelo boicote, marcando a alternativa "b" em todas as questões do exame.
"Enquanto não temos uma lei para implantar outro tipo de avaliação, o conselho federal vai apoiar essas iniciativas. Não só em São Paulo, mas também em outros estados que queiram fazer. Qualquer medida que busque a qualidade da formação é bem-vinda", destacou o conselheiro e primeiro secretário do CFM, Desiré Carlos Callegari.
Apesar das críticas, Callegari ressaltou que o modelo de avaliação a ser defendido pelo CFM ainda não foi definido pelo plenário do conselho, mas que a opção por um exame gradativo tem a preferência de vários adeptos. "Pensamos que a melhor forma de avaliar, tanto a universidade como o aluno, seria uma prova no segundo, no quarto e no sexto ano de faculdade. As deficiências seriam corrigidas progressivamente", afirmou.
Além de destacar o modelo gradativo, Callegari ressaltou a necessidade de exames práticos e cognitivos, que também foi alvo de críticas por parte dos estudantes que optaram pelo boicote ao exame em São Paulo no último domingo.
Qualidade dos cursos
Segundo dados do CFM, o Brasil conta atualmente com 197 escolas médicas, ficando atrás apenas da Índia, que tem 272 cursos, mas com uma população consideravelmente maior (1,2 bilhão de pessoas). De 2003 para cá, foi autorizado o funcionamento de 69 novas escolas de medicina, sendo que 78% dessas foram privadas.
Para o conselheiro do CFM, a abertura indiscriminada de faculdades seria uma das causas que explicam a baixa qualidade dos cursos de medicina do país, além do aumento de denúncias e de processos relacionados a erros médicos. "Não temos professores e hospitais escola suficientes. Não tem como pensar um curso de medicina sem um hospital de referência", justificou Callegari.
Fonte: Agência Brasil