Uma técnica experimental e inovadora para o tratamento de diabetes do tipo 1 foi desenvolvida pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Apresentado no Congresso Brasileiro de Endocrinologia, em Goiânia (GO), o procedimento chamado de autotransplante de células-tronco saudáveis conseguiu livrar de aplicações de insulina 21 dos 25 pacientes diagnosticados com o diabetes do tipo 1 que participaram do estudo.
Para alcançar seus resultados, a técnica tenta construir um novo sistema imunológico para o paciente, levando em conta que o diabetes do tipo 1 é autoimune, ou seja, o próprio sistema de defesa do organismo ataca as células do pâncreas que são responsáveis pela produção de insulina.
De acordo com o coordenador das pesquisas, o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, as muitas dúvidas levantadas inicialmente pela comunidade científica internacional já não se justificam e os resultados favoráveis do tratamento já vêm sendo destacados em diversas publicações especializadas.
Apesar de os resultados apontarem que os estudos estão no caminho certo, Couri ressalta que ainda não há previsão para que a tecnologia esteja disponível para todos os diabéticos, pois a terapia é de longo prazo e trabalha com células-tronco, um tema ainda novo e que ainda vem sendo discutido.
O autotransplante de células-tronco
A técnica inovadora, que conta com o apoio do Ministério da Saúde, da Fapesp, do CNPQ e do Sistema Único de Saúde (SUS), necessita inicialmente de sessões de quimioterapia, que praticamente "desligam" o sistema imunológico do diabético, a fim de evitar que suas células que produzem insulina sejam destruídas.
Ainda antes disso, o paciente tem células retiradas de sua medula óssea, que são aplicadas posteriormente na corrente sanguínea para a construção de um novo sistema imunológico. Com o transplante de células-tronco do próprio paciente, o pâncreas volta a funcionar e a necessidade de aplicação da insulina é eliminada.
Atualmente, o diabetes do tipo 1 é uma doença que atinge entre 5 e 10% da população de diabéticos. No país, a estimativa é de que existam sete pacientes a cada 100 mil habitantes.
Com informações do Estado de S. Paulo