Uma nova técnica, capaz de revolucionar o tratamento de pacientes diagnosticados com hemofilia do tipo A, foi desenvolvida por pesquisadores do Centro de Terapia Celular do Hemocentro da USP de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo.
O fator VIII recombinante (rhFVIII), criado a partir de engenharia genética baseada em células humanas, já teve a sua patente registrada e deve beneficiar aproximadamente 9 mil portadores de hemofilia do tipo A, que tem como característica uma desordem no mecanismo de coagulação do sangue, com uma deficiência do fator VIII.
Para o tratamento desse tipo de hemofilia, é feita uma reposição do fator VIII, que pode ser obtido por dois métodos: por engenharia genética ou pelo plasma humano. No Brasil, os investimentos atuais estão voltados para a importação de medicamentos franceses e em projetos de plasma humano, que infelizmente não são capazes de suportar a necessidade dos hemofílicos brasileiros.
Com o estudo do Hemocentro de Ribeirão Preto, há uma tecnologia inédita e menos arriscada sendo desenvolvida, já que atualmente o tratamento da hemofilia é feito a partir de plasma de pessoas normais. Nesse caso, há um maior risco de infecções e a necessidade de uma grande demanda de plasma de doadores sanguíneos para que os fatores VIII e IX possam ser obtidos.
Segundo o coordenador do estudo, o professor Dimas Tadeu Covas, a produção do rhFVIII poderá suprir a demanda necessária para garantir a qualidade de vida de pacientes portadores da doença e conter os sangramentos causados por ela.
"O uso do fator VIII de coagulação a partir do fracionamento plasmático não representa solução para a autossuficiência nacional. Pelo contrário, é um investimento elevado na compra de uma tecnologia ineficiente e que vem se tornando rapidamente obsoleta", declara Dimas.
Economia nos investimentos
De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram gastos R$ 522 milhões na importação dos fatores VIII, que deverão ser utilizados entre os anos de 2011, 2012 e primeiro trimestre de 2013. Além disso, o governo brasileiro apoia a fabricação do fator, que exige gastos de cerca de 600 milhões de dólares e não chega a suprir 16% da necessidade populacional.
No investimento em uma unidade de fator VIII recombinante, bem como colocar o país como exportador, a estimativa é que o investimento necessário seja de 60 milhões de dólares, um valor que chega a ser até dez vezes menor do que aquele que é gasto nas estratégias adotadas atualmente.
Fonte: Agência USP