Você já consumiu algum tipo de bebida alcoólica considerada clandestina, como as cachaças de alambique, licores artesanais ou uísques e vodcas falsificados? Segundo um estudo feito em alguns municípios de São Paulo e Minas Gerais, é preciso estar atento a essas bebidas, pois elas podem conter substâncias tóxicas, como carbamato de etila, metanol e até mesmo cobre.
A pesquisa foi feita pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio parcial do Icap (International Center for Alcohol Policies), e contou também com a participação de outros países, como México, Índia, China, Sri Lanka e Rússia. Os resultados foram apresentados na terça-feira (30), na capital paulista, em simpósio sobre o tema.
Para desenvolver as análises no Brasil, foram coletadas 65 amostras de bebidas nas cidades de São Paulo e Diadema durante o ano de 2010. Em Minas Gerais, foram colhidas outras 87 amostras na cidade de Belo Horizonte e em outros municípios famosos pela produção de cachaça artesanal, como Salinas e Passa Quatro, entre os anos de 2011 e 2012.
"Coletamos principalmente as [bebidas] que achávamos que eram falsificadas, porque percebíamos claramente que eram falsas. Quando tinham rótulos, não tinham selo de garantia do Ministério da Agricultura e os preços eram muito baixos", explicou o professor do Cebrid e coordenador do estudo, Elisaldo Carlini.
Resultados do estudo
Segundo Carlini, um dos elementos tóxicos encontrados nas amostras em maior quantidade foi o metanol, um álcool bastante tóxico e que, quando ingerido, pode causar cegueira e até mesmo o óbito.
Nas bebidas coletadas em Minas Gerais, 25 do total de 87 apresentaram metanol, apesar de nenhuma delas ultrapassar o limite permitido (200 ppm – partes por milhão). Em São Paulo, 24 das 54 amostras tinham o metanol, sendo que uma delas registrou um índice acima do limite.
Além do álcool tóxico, algumas das amostras de bebidas apresentaram níveis de cobre acima do normal, o que pode prejudicar a absorção de minerais no organismo. Em São Paulo e Minas Gerais, respectivamente, 11 e 15 amostras cotinham níveis do elemento acima do normal, sendo que algumas estavam muito acima do limite legal, de 5 ppm, chegando a 26 ou 27 ppm.
Outras irregularidades apontadas, de acordo com a pesquisa, foram em relação ao nível de concentração alcoólica das bebidas e à presença de carbamato de etila, um agente cancerígeno. "Em algumas amostras, [a concentração] era tão grande que dava para saber que estava exagerado", finalizou Carlini.
Fonte: Agência Brasil