Quando estão fora de casa é comum as pessoas se preocuparem com a higiene dos locais onde comem, onde dormem, enfim, onde vivem, mas a verdade é que uma grande quantidade de doenças infecciosas podem ser transmitidas dentro de casa. A advertência foi reforçada por especialistas na última segunda-feira (15), o "dia mundial de lavar as mãos", que ressalta a importância da higiene pessoal.

De acordo com a Global Hygiene Council, grupo formado por especialistas internacionais em higiene, estima-se que entre 50% e 80% das doenças alimentares começam em casa, já que pontos como a pia da cozinha, por exemplo, costumam conter 100 mil vezes mais germes que um banheiro, por estar contaminada por restos e sujeiras. Um exemplo disso é que uma tábua de cortar alimentos têm 200% mais coliformes fecais do que assentos de privada.

Alguns objetos se tornam verdadeiros focos de coliformes, como controles remotos, torneiras de banheiro e cozinha, brinquedos e lixeiras. Estes objetos, que são tocados com as mãos, costumam ter milhares de bactérias por centímetro quadrado, por isso a importância de se lavar as mãos frequentemente.

"O nível surpreendente de contaminação em objetos do dia a dia é um sinal de que as pessoas estão esquecendo de lavar suas mãos após o uso do banheiro, um dos momentos-chave para prevenir infecções", disse à Press Association o pesquisador britânico Val Curtis, da Escola Britânica de Higiene e Medicina Tropical.

 

'Mãos de privada' – Um estudo lançado pela escola, em associação com a Universidade Queen Mary e patrocínio de uma marca de sabonetes, aponta que cerca de um em cada dez britânicos pesquisados carrega em suas mãos a mesma quantidade de germes de uma privada suja.

A pesquisa identificou coliformes fecais em 26% dos entrevistados, em 14% das notas de dinheiro e em 10% dos cartões de crédito analisados.

"As pessoas dizem que lavam suas mãos, mas as pesquisas mostram que não e apontam o quão fácil esses patógenos (agentes causadores de doença) são transmitidos, sobrevivendo em dinheiro e cartões", diz Ron Cutler, que liderou a pesquisa britânica na Universidade Queen Mary.

As mãos carregam, em média, 3 mil tipos de diferentes bactérias de mais de cem espécies, segundo pesquisadores americanos. Muitos deles não são nocivos à saúde, mas a higiene das mãos é essencial para evitar que os germes que causam doenças não sejam transmitidos. Aliás, o hábito de lavar as mãos é considerado pela ONU (Organização das Nações Unidas), uma das medidas de melhor custo benefício para controlar doenças. Pode, ainda, salvar mais de 1 milhão de vidas anualmente - perdidas, por exemplo, com diarreias e infecções respiratórias.

O Hygiene Council recomenda usar lixeiras com pedal, para evitar o contato manual e também a limpeza de brinquedos e de superfícies tocadas com frequência.


Equilíbrio – Um relatório de setembro do Fórum Científico Internacional sobre Higiene Doméstica (IFH, na sigla em inglês) cita a hipótese segundo a qual a crescente prevenção de infecções desde a primeira infância pode resultar, mais tarde, na maior incidência de doenças como alergias. A explicação: necessitamos da interação com micróbios, particularmente nos primeiros anos de vida, para manter nosso sistema imunológico em equilíbrio.

Há indícios de que teríamos que ser expostos a determinados tipos de micróbios, mas não há consenso científico sobre quais deles, ou em que quantidade. Como, então, encontrar o equilíbrio?

Segundo o relatório, "podemos, por exemplo, estimular as crianças a brincar livremente umas com as outras e com seu ambiente, o que as deixará expostas a uma variedade de micróbios (inevitavelmente, também a patógenos), mas ao mesmo tempo devemos ser rigorosos com a importância de ações como lavar as mãos após ir ao banheiro ou visitar fazendas, antes de comer, etc".

 

Fonte: BBC

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