A greve dos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem afetado a distribuição de medicamentos em todo o país. De acordo com a Associação Nacional dos Hospitais Privados, 75% dos 46 associados sentem efeitos da greve no estoque de materiais como remédios e reagentes para exames.
"Vale dizer que os estoques de grande parte das entidades que atuam no setor estão praticamente esgotados. A previsão é de que, a partir desta semana, algumas entidades estarão totalmente desabastecidas e, portanto, impossibilitadas de realizar parte dos exames diagnósticos", alertou, em comunicado, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED).
Iniciada na metade de julho, a greve dos servidores públicos federais afeta principalmente a entrada de medicamentos importados no país, já que o órgão é responsável pela fiscalização dos produtos importados. Além disso, 90% dos remédios têm algum componente de outro país, sendo que grande parte chega pelo porto de Santos.
Apesar dos problemas identificados pelos hospitais, a Anvisa afirma que 70% dos seus funcionários já retornaram ao trabalho devido à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que fosse mantida a prestação de serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
"Podemos afirmar categoricamente: não está faltando medicamento no Brasil por retenção de carga em decorrência da greve", afirmou Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, em entrevista à Folha de S. Paulo.
De acordo com a categoria, as principais reivindicações da greve são a equiparação salarial com outras carreiras do Estado (25% de reajuste), além de gratificações unificadas com garantia dos benefícios da aposentadoria. Enquanto isso, a proposta do governo é de 15,8% de aumento escalonado ao longo dos próximos três anos.