A paralisia infantil, também conhecida como poliomielite, é uma doença transmitida por vírus que pode causar a perda total de movimentos, dependendo do grau de severidade. Eliana Zagui, vítima da infecção aos dois anos de idade, vive há 36 deitada em um leito da UTI do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo, mas nem por isso se abate com as dificuldades.
Sem movimentos do pescoço para baixo, Eliana lança nesta terça-feira (10) o seu primeiro livro, "Pulmão de Aço - uma vida no maior hospital do Brasil", pela Editora Belaletra. Escrita com a utilização da boca, a obra conta a vida e as experiências vividas pela paciente em todos os anos passados dentro do hospital, inclusive os momentos em que chegou a pensar no suicídio como forma de acabar com seus problemas.
A produção do livro não foi o primeiro ato de superação de Eliana, que anteriormente conseguiu se formar no ensino médio e aprender outras línguas como o inglês e o italiano. Fez também curso de história da arte e aventura-se como pintora, sempre utilizando a habilidade que desenvolveu utilizando apenas a boca.
O nome do livro
Pulmão de aço, que deu título à obra de Eliana Zagui, era o nome dado a uma máquina inventada na década de 20 onde pessoas com insuficiência respiratória eram colocadas. Nesse aparelho, a autora do livro chegou a tentar tratamento, mas a paralisia já havia afetado os movimentos do diafragma e de deglutição. Desde então, ela vive conectada a um aparelho de respiração mecânica, do qual ela dificilmente fica longe.
Além de contar as experiências dentro do hospital, "Pulmão de Aço" traz a única passagem fora do local em 36 anos: o Natal na casa de amigos, uma experiência relatada por Eliana como "indescritível" e que apenas foi possível com uma maca e um respirador portátil.
Com preço de R$ 36, "Pulmão de Aço" chega às bancas nas próximas semanas e traz 240 páginas de uma história repleta de superação, com a qual Eliana espera ajudar outras pessoas, cada uma com a sua dificuldade.
Fonte: Folha de São Paulo