No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, o grupo de pesquisa coordenado pelo professor Adriano Andricopulo estuda sistemas moleculares que são preparados para atuar contra alvos vitais de sobrevivência do parasita da doença de Chagas. No momento, o grupo procura definir o composto que irá passar por testes clínicos para verificar sua eficácia contra a doença. As pesquisas tem o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), que coordena uma rede internacional de cientistas sobre o tema.

Os pesquisadores trabalham com algumas proteínas-alvo do Trypanosoma cruzi, o agente causador da doença, isolando tais proteínas para, posteriormente, produzi-la e encontrar pequenas moléculas que possam inibir sua atividade, causando uma condição letal à sobrevivência e desenvolvimento do parasita. “Por meio de ensaios in vitro fazemos os testes com moléculas candidatas a fármaco que irão inibir as enzimas responsáveis pela sobrevivência do parasita”, conta o cientista.

A pesquisa conta com especialistas de diversas áreas, como parasitologia, química medicinal e biologia molecular e estrutural. “A OMS desenvolve um sistema de projetos, do tipo empresa farmacêutica, muito detalhado e estabelecido. Dessa rede, participam universidades importantes do mundo todo”, diz o professor. “Há também a participação de diversas indústrias farmacêuticas.” O grupo conta ainda com a colaboração dos professores Otavio Thiemann, Rafael Guido e Glaucius Oliva, do IFSC, e Luiz Carlos Dias, da Universidade de Campinas (Unicamp).

Atualmente, uma média de 300 compostos foi sintetizada, com moléculas que já foram confirmadas como inibidoras. A próxima fase será trabalhar as propriedades fármacocinéticas, ou seja, a melhoria para percorrer todo o “caminho” num organismo infectado. “Precisamos observar diversas propriedades como absorção do composto, solubilidade, biodisponibilidade. Esse trabalho é conjunto e cada um dos grupos que faz parte da rede da OMS presta auxílio, cada um na parte que lhe cabe”,diz o professor.

Testes

Adriano Andricopulo explica que a fase final — também chamada de fase clínica —, quando empresas farmacêuticas irão financiar testes em seres humanos, dos possíveis candidatos a fármaco, deve ser acelerada. Segundo o professor do IFSC, o maior desafio atualmente é encontrar um candidato clínico, ou seja, o composto que a indústria farmacêutica irá escolher para realizar testes em humanos.

O grupo de pesquisa do IFSC desenvolve estudos in vitro e in vivo, e a relação com a OMS e com os grupos da rede tem sido importante e fundamental para a evolução dos estudos. “A OMS consegue coordenar toda essa rede e fazê-la funcionar corretamente”, ressalta.

O grupo disponibiliza a primeira base de dados da América Latina, PK/DB, para acesso e acompanhamento de outros estudiosos do assunto. “A capacidade de trabalhar com moléculas sintéticas e fazer ensaios biológicos é algo difícil de encontrar e isso tem nos trazido credibilidade de grupos externos, onde se inclui a OMS”.

Em comemoração ao Ano Internacional da Química, os debates serão intensos. “Neste ano, a reunião anual da Sociedade Brasileira de Química, a Escola Avançada de Química, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e nesses eventos as atividades e discussões serão grandes, também com o objetivo de atrair estudiosos para essa área”, conta o docente.

 

 

Por Tatiana Zanon, da Assessoria de Comunicação do IFSC

Link de acesso: http://www.usp.br/agen/?p=47776

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