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Treinamentos físicos em altitude
Antes de competições esportivas, como as maratonas e as meias-maratonas, muitos atletas optam pelos treinamentos com altitude, sejam eles feitos em locais acima do nível do mar ou na altitude simulada, por meio de equipamentos específicos. De acordo com Miguel, a escolha da altitude adequada para a aclimatação é um dos fatores que influenciam na otimização do treinamento, e altitudes entre 1.800 e 2.300 metros seriam as ideais. Essa escolha seria pelas alterações fisiológicas causadas pela exposição à altitude.
"É conhecido que, em altitudes inferiores a 1.800 metros, a estimulação dessas alterações não teria efeitos significativos. O tempo de permanência em altitude é recomendado que fique por volta de 4 semanas, e depois, no retorno a altitudes menores, há um tempo ideal de manutenção da condição física adquirida na altitude, que varia de 1 a 3 semanas", aconselha o professor.
Existem metodologias de se realizar treinos em alta altitude e viver em baixa altitude, o "living low-training high", e o contrário, de viver alto e treinar baixo, o "living high-training low". São dois modelos que podem ser ajustados com o uso de câmaras hipo ou hiperbáricas. Estruturalmente, o que se busca com esse tipo de treinamento, no local ou simulado em câmaras de controle de gases, são adaptações orgânicas que levam à melhoria de desempenho, especialmente o de capacidade aeróbica e de suportar esforços de longa duração.
Portanto, há duas premissas a serem observadas. A primeira é para aquelas pessoas que realizam atividades físicas com o objetivo de saúde e fazem o exercício da corrida com o intuito de melhoria de seus resultados nas distâncias de provas escolhidas, como 5 ou 10 km ou até mesmo a distância oficial de 42.195 metros de uma maratona. Para essas pessoas, as metodologias de treinamentos podem ser desenvolvidas nas suas localidades de origem, independentemente de altitudes.
A segunda orientação é para aqueles que treinam regularmente há muitos anos e participam de competições oficiais, ou seja, os atletas de alto rendimento. Estes, muitas vezes, são detentores de recordes em diferentes níveis de representação e buscam treinar em seus locais tradicionais, mas em determinados períodos do ano se deslocam para regiões de altitudes ao redor de 2.200 a 2.400 metros em relação ao nível do mar. Eles treinam nesses locais e, na sequência, voltam aos seus locais originais e participam de competições, nas quais a melhoria de alguns segundos na performance representa grande avanço.
"É sempre importante lembrar que tais adaptações são transitórias, isto é, são buscadas por atletas de alto desempenho, para os quais o treinamento tido como normal, em condições geográficas estabilizadas, já não é suficiente para a melhoria de desempenho em competição. Essas adaptações são relacionadas às competições-alvo de atletas", destaca Miguel.
Prof. Dr. Miguel de Arruda possui graduação em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1975), mestrado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (1990) e doutorado em Educação Física pela Faculdade de Educação Física UNICAMP (1997). Professor Titular pela UNICAMP 2012. Atualmente é Diretor Associado na Faculdade de Educação Física - UNICAMP. Tem experiência na área de Fisiologia, com ênfase em Fisiologia do Esforço, atuando principalmente nos seguintes temas: futebol, treinamento desportivo, avaliação física, antropometria e desempenho motor.
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