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Comparar a compulsão por doces ao vício em alguma droga é exagero?
É uma comparação inadequada. Embora estudos mostrem mecanismos de desejo intenso ("fissura") por comida semelhantes ao de algumas drogas, é inadequado pensar em vício para algo que devemos fazer todos os dias, como comer, pois aqui não se pode fazer um tratamento para não usar mais.
Estudos mostram que o gatilho para o chamado "vício em comida" é a dieta. Mesmo em protocolos clássicos criando "dependência de comida" em ratos, o protocolo necessitou de um período de restrição alimentar, um detalhe importante, muitas vezes não mencionado. Preocupa ainda o fato de que as pesquisas sobre o assunto não focam nas causas ocultas das compulsões-restrições. Em muitos dos testes de imagem cerebral, os protocolos não excluem a dieta, contudo sabe-se muito bem que a fome ou privação de alimento aumentam o valor de compensação da comida.
Além disso, pesquisas em laboratório e com animais não levam em consideração os aspectos cognitivos do desejo por comida, que envolvem memórias, crenças, sentimentos, pensamentos. Por último, outros levantamentos mostram que a música ativa os mesmos mecanismos de prazer no cérebro de algumas drogas e nem por isso falamos em vício por música.
O sistema dopaminérgico está implicado no reforço e motivação e intervem nas recompensas ligadas ao prazer para os humanos, como comida, dinheiro, drogas, música. Tais estímulos são reforçadores biológicos necessários à sobrevivência. Porém, os humanos têm a capacidade de obter prazer de estímulos mais abstratos, não necessariamente ligados à sobrevivência. Isso nos distingue e não é ruim.
Qual é o momento de pedir ajuda?
Sempre que o indivíduo sentir que a sua relação com alimento está prejudicando sua vida.
O que deve ser feito após a identificação da compulsão?
Se um Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica ou outro transtorno alimentar for detectado, o tratamento deve ser multidisciplinar, com psiquiatra, psicólogo e nutricionista. Se a compulsão for um sintoma isolado de um transtorno alimentar, um nutricionista e um psicólogo especializados nestas questões poderão ajudar a entender os porquês e oferecer alternativas comportamentais e emocionais.