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A ansiedade costuma ser um dos fatores emocionais que mais têm relação com a alimentação, tendo em vista que este estado emocional leva as pessoas a quererem comer mais?
O problema está na característica dessa ansiedade, a sua intensidade e frequência, o que pode causar um descontrole emocional com consequências bem alarmantes. No que se refere à alimentação, notamos geralmente que os pacientes não percebem quando os sintomas da ansiedade começam a impactar sua saúde, evoluindo assim para níveis de tensão significativos – alteração de humor também é frequente – e com isso a necessidade de uma válvula de escape para suportar essa pressão interna. O que é natural nessa fase é que os pacientes comam mais, não tenham senso crítico na escolha dos alimentos e horários de alimentação, pois respeitam somente o princípio de prazer e alívio de tensão através da comida.
Além da ansiedade, que outros fatores emocionais podem interferir na alimentação?
Diversos fatores emocionais associados à ansiedade podem agravar o círculo vicioso do paciente em sua alimentação. Exemplos como carência afetiva, dificuldade no enfrentamento de situações que lhe causem estresse, agressividade reprimida, baixa autoestima estão entre outros tantos exemplos que criam o enredo do paciente insatisfeito e até infeliz com seu peso corporal.
Em relação à obesidade, é possível definir até que ponto os fatores emocionais são responsáveis pela doença quando comparados a outros fatores como genética, por exemplo?
O que é possível é avaliarmos como esses fatores associados resultam na alteração do peso corporal do paciente ao longo de sua história de vida, ou seja, em determinado período de sua vida o que mais o influenciou no ganho de peso foram fatores emocionais e em outros períodos o que ditou os valores na balança foram seus limites e predisposição genética. O importante é considerarmos que ambos os fatores sempre se correlacionam. O impacto emocional se tornou tão decisivo quanto os dados genéticos, pois ficou evidente que sem a mudança de comportamento e atitudes não teríamos resultados satisfatórios, ao ponto de justificar que fosse somente esse limiar dos fatores genéticos que estivesse impossibilitando a meta do tratamento ser atingida.
Nas cirurgias bariátricas, além de uma reeducação alimentar, o paciente também deve ter uma orientação psicológica a fim de controlar sua alimentação?
Sim, assim como em pessoas que colocaram o balão intragástrico, em que a mudança do hábito alimentar é mais radical. A orientação psicológica vem favorecer e potencializar o amadurecimento do processo do paciente que realmente intenciona uma mudança efetiva em sua vida. Como já discutimos, a vontade de comer passa pelo nível dos desejos e emoções, portanto temos de ficar atentos, pois essa mudança requer tempo e autoconhecimento para reeditarmos os velhos hábitos em novos hábitos, e esse ganho não vem com o balão ou cirurgia, e sim com esforço e mérito do paciente aplicado e comprometido com seu emocional. Para maior esclarecimento, durante o acompanhamento psicológico o paciente é levado a identificar e correlacionar seus problemas e dificuldades pessoais, assim como seus pontos fortes, para aumentar a probabilidade de experiências emocionais corretivas durante o tratamento, em vez de emagrecer automaticamente e sem o conhecimento de suas verdadeiras limitações. Acreditamos que a falta de consciência é que faz o paciente ser reincidente em qualquer tratamento para a obesidade.